Em 1988, o aposentado Hermenegildo Milhesqui, 65 anos, e a esposa Amélia Milhesqui, venderam um pedaço de terra na colônia para morar na cidade, em Bento Gonçalves. O casal comprou um terreno no bairro Ouro Verde e trouxe a casa que já tinha. Eles foram os primeiros moradores a chegar no local.
Milhesqui relata que a rua João Busnello, onde mora até hoje, foi a primeira do bairro e que, há 32 anos, não tinha água e nem energia elétrica. “Antes, era tudo mato por aqui. Não tinha nada. A luz demorou nove meses para vir. E a água, eu buscava na casa de outra pessoa”, conta.
Como primeiro morador, Milhesqui conta que acompanhou todo desenvolvimento do bairro. Embora afirme que o local cresceu rápido, considera que está mal organizado e reclama principalmente das condições das ruas. “A minha até hoje não tem asfalto, tudo estrada, está abandonada. Onde é plano até vai, mas onde tem subida e descida está ruim”, alega.
Religião
Com muito orgulho, Milhesqui relembra que a primeira missa celebrada no bairro aconteceu dentro da casa dele, por um padre da paróquia do bairro São Roque. “Naquela época, quando tinha cerca de 15 famílias no bairro, ainda não tínhamos uma capela, então o padre reuniu todos os moradores na minha casa para dar a benção ao bairro”, afirma.
Ensino: mães desejam escola com ensino completo
Um dos problemas que os moradores enfrentam é referente à educação. O único colégio que existe no bairro é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Ouro Verde, que tem ensino até a 3° ano. Depois, para dar continuidade aos estudos, o colégio mais próximo fica no bairro Universitário.
A dona de casa, Valdirene Vieira de Oliveira, relata que o filho, Jardel, estudou na escola do bairro até quando foi possível. Depois, teve que frequentar a escola de outro bairro. A neta, Brenda, também vai passar pelo mesmo processo: em breve, terá que procurar outro colégio para continuar com os estudos.
Valdirene afirma que a escola é ótima, mas acredita que precisa evoluir. “Não tenho reclamações, os professores são todos muito bons, mas precisa aumentar as séries. Converso com outras mães aqui do bairro e elas também falam que é uma judiaria a escola ser pequena”, frisa.
Moradores bem atendidos na saúde
Desde 2003 o bairro conta com uma Estratégia Saúde da Família (ESF). Para atender à demanda de saúde dos moradores do bairro, a unidade conta com uma médica, uma enfermeira, duas técnicas de enfermagem, três agentes de saúde, além de um dentista.
A coordenadora e enfermeira da ESF, Silvane Rasador, trabalha na mesma unidade há oito anos. Ela conta que a maioria dos moradores são idosos e que a relação com a comunidade é tranquila. “Aqui tem bastante famílias que moram de aluguel, com isso acaba tendo rodizio de pessoas, mas a maioria dos moradores são fixos e idosos, então a gente acaba conhecendo a maioria deles”, relata.
O aposentado Hermenegildo é um dos usuários da ESF. Ele conta que todos os meses precisa buscar remédio para controlar a pressão alta e que o atendimento é muito bom. Entretanto, lamenta que os médicos não ficam atuando por muito tempo lá. “Sempre têm médicos bons, mas eles não ficam muito tempo. Sai um médico bom, vem outro. Não dá para reclamar do postinho” comenta.
Praça CEU: 40% da comunidade utiliza espaço
Em 2018, uma iniciativa do Governo Federal em parceria com as administrações municipais, permitiu entregar à comunidade o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU). O complexo oferece serviços e atividades culturais, esportivas e assistenciais que visam beneficiar as necessidades dos cidadãos.
Embora a praça CEU atenda outros bairros, como Zatt, Aparecida, Loteamento Bertolini, Cembranel e São Roque, de acordo com o Secretário de Cultura, Evandro Vinicius Manes Soares, cerca de 40% dos atendimentos são de usuários do bairro Ouro Verde.
Embora as atividades esportivas presenciais estejam suspensas no momento, para evitar a propagação do Covid-19, o convívio com os alunos está sendo mantido. “Diariamente o professor lança desafios no grupo do WhatsApp para as crianças realizarem em casa por meio de vídeos. Assim, elas se divertem e se ocupam com atividades positivas. A ideia é criar atividades que mantenham os frequentadores conectados com a CEU até que volte a normalidade”, explica o secretário Soares.
Na área cultural, com objetivo de incentivar a leitura para todas as idades, a CEU conta com uma biblioteca própria. O acervo original era 2.250 livros, mas foi ampliado e hoje oferece mais de 3.500 livros para a comunidade. Segundo o secretário Soares, são emprestados entre 50 a 80 livros por mês.