Secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana diz que há um planejamento de substituição dos abrigos, mas orçamento sofre anulação

As condições das paradas de ônibus em Bento Gonçalves variam significativamente entre o centro e as áreas periféricas. Segundo usuários do transporte público, enquanto regiões centrais contam com estruturas mais adequadas, bairros afastados, como Vila Nova III e Barracão, enfrentam problemas que comprometem o conforto e a segurança dos usuários.

De acordo com Diego Salini, Secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, os abrigos de ônibus dos bairros mais afastados são de madeira, e, embora passem por manutenções, há um planejamento para substituí-los por novas paradas, seguindo padrões municipais. Ele destaca que a prefeitura realiza um processo licitatório para a recuperação dos abrigos mais danificados, priorizando os locais mais necessitados. “O Executivo Municipal está relançando processo licitatório para fornecimento e instalação de novos abrigos, os quais garantem a proteção ao sol e às chuvas. Entretanto, em paralelo, toda a iluminação do Município está sendo substituída por LED, abrangendo os locais onde ficam dispostos os abrigos de ônibus”, revela.

No entanto, em publicação no Diário Oficial N° 2663/2024, da última quinta-feira, 21, a Secretaria Municipal de Finanças comunicou a anulação do pregão de contratação dos serviços para esta manutenção dos “abrigos de passageiros de ônibus e táxis, com estruturas metálicas e com cobertura de policarbonato”, conforme o documento.

Segundo o secretário, os novos abrigadouros dentro deste planejamento seriam mais acessíveis. “Os abrigos a serem instalados contemplam as reformas no passeio com piso todo tátil de advertência e direcional para adequação da acessibilidade. As paradas devem possuir dimensões capazes de acomodar portadores de necessidades especiais”, destacou, antes da publicação do comunicado oficial.

Relato dos usuários

Os moradores entrevistados apontam desafios relevantes nas paradas mais periféricas da cidade. Agnes de Oliveira, residente do bairro Vila Nova III salienta que existem poucas paradas no bairro. “Tem quebrada, outras não tem banco para sentar. Está péssimo lá embaixo no Vila Nova III. Tenho problema nas pernas e não tem banco pra sentar. Tem que ficar em pé, quando chove, venta e molha tudo. E sobre a limpeza e conservação das paradas não vejo com bons olhos, não está em boa situação. Aqui no centro está razoável, mas no Vila Nova está péssimo”, frisa.

Rosali Cividini, moradora do Barracão, acredita que as paradas poderiam estar em melhores condições. “Aqui é complicado, sem contar o perigo das plantas que podem cair em cima da nossa cabeça. Quando é dia de chuva e vejo que o tempo está feio, não venho aqui, procuro uma outra porque essas plantas são um perigo. O terminal do centro está horrível e sem contar também nos bairros, que tem umas paradas onde o mato está tomando conta. Tem lugares que está tudo bem, mas outros que está precário”, diz.

Algumas paradas do município não possuem cobertura própria

Marilene Guarnieri, outra usuária dos abrigos, reforça: “Muitas têm que melhorar, tem umas todas podres, em algumas aqui no bairro São Bento chove mais embaixo do que fora”, indica.Em algumas paradas do centro não há cobertura, como aborda Caren Lopes, uma das usuárias. “Aqui no centro tem algumas que não tem nenhuma proteção, já tive que utilizar parte de uma loja para me abrigar, em dias de chuva e frio”, evidencia.

Enquanto isso, alguns usuários de áreas centrais relatam opiniões mais positivas. Dino Somensi, aposentado, ressalta que as paradas estão em boas condições. “Só pego daqui do centro à Santa Helena. Está bom, tem cobertura, tem tudo. Por enquanto acho que está bom”, enfatiza.

Em enquete realizada nas redes sociais do Semanário sobre a conservação e limpeza das paradas de ônibus, 46% votaram que consideram o estado dos abrigos ruim, 23% acham péssimo, 26% regular e apenas 5% acreditam que as paradas estão em bom estado.

Queda no transporte público

Segundo Salini, a queda de 29% no número de usuários do transporte público em 2024, em comparação ao ano anterior, é atribuída também a eventos climáticos extremos. Segundo ele, isso também representa um desafio para atrair mais investimentos e melhorar a infraestrutura. “Temos um processo licitatório em andamento para concessão do transporte, e as necessidades de novas linhas serão avaliadas no processo. O maior desafio enfrentado é a manutenção do número de usuários de transporte público”, conclui.

Fotos: Cassiano Battisti.