Maurício Scalco (PL) e Adiló Didomenico (PSDB) disputam a prefeitura da maior cidade da Serra Gaúcha
No domingo, 27 de outubro, os eleitores de Caxias do Sul escolherão entre o atual prefeito Adiló Didomenico (PSDB) e o vereador Maurício Scalco (PL) no segundo turno das eleições. No primeiro turno, Scalco foi o candidato mais votado, com 89.260 votos (38,04%), já Adiló Didomenico aparece na segunda posição, com 64.537 votos (27.5%), números que colocaram os dois candidatos no segundo turno. O terceiro candidato mais votado foi a deputada federal Denise Pessôa (PT), com 61.684 votos (26.29%), e em último lugar, aparece Felipe Gremelmaeir (MDB), que recebeu a confiança de 19.172 eleitores (8.17%), votações insuficientes para colocar os candidatos no segundo turno. Votos nulos e brancos / abstenções, que não são contabilizados como “votos válidos”, totalizaram 112.531, cerca de 32.4% do eleitorado apto.
Quem são os candidatos:
O segundo turno em Caxias do Sul será uma escolha entre mudança e continuidade. De um lado, o vereador Maurício Scalco (PL). Natural de Caxias do Sul, Scalco tem 49 anos. É formado em Administração e Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), tem MBAs em Marketing e Varejo e comércio eletrônico pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2020, na época filiado ao Partido Novo, foi eleito vereador em Caxias do Sul. Em 2023, filiou-se ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que declarou apoio à campanha de Scalco. O candidato também conta com o apoio de outras notáveis personalidades da direita a nível nacional e regional, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), o deputado federal Zucco (PL) e o político caxiense Maurício Marcon (PODE), este que é um dos mentores da campanha de Scalco.
Do outro, o atual prefeito, Adiló Didomenico (PSDB). Natural de Marau (RS), Didomenico tem 72 anos, e vive em Caxias desde os 17 anos. É formado em economia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), e também possui pós-graduação em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 1988, coordenou a campanha do candidato a prefeito eleito em Caxias do Sul, Mansueto Filho (PFL), o qual considera a sua maior inspiração na política. Em 1989, filiou-se ao PTB (atual PRD), tendo sido um dos pioneiros do partido na cidade. Ainda em 1989, assumiu um cargo público pela primeira vez, quando foi nomeado por Mansueto para presidir a Codeca (Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul), onde permaneceu até 1997, posteriormente, entre 2005 e 2012, atuou como diretor-presidente da empresa. Em 2012, foi eleito vereador em Caxias, licenciando-se do cargo em 2013, para assumir a Secretaria Municipal de Obras e Serviços, na gestão do prefeito Alceu Barbosa Velho. Em 2016, foi reeleito vereador, e em 2020, foi eleito prefeito de Caxias do Sul, vencendo Pepe Vargas (PT) na disputa. Didomenico tem como vice na chapa Edson Néspolo (União Brasil), e conta com o apoio de figuras como o governador Eduardo Leite (PSDB); além de Felipe Gremelmaier (MDB), ex-candidato no primeiro turno que declarou apoio ao pleiteante do PSDB. Denise Pessôa e o PT, afirmaram que seguirão atuando como oposição ao atual prefeito em caso de reeleição, mas de maneira discreta, declararam preferência a ele contra Scalco.
O que pensa a Prefeitura de Bento Gonçalves:
Independente do vencedor, o Poder Executivo da Capital Nacional do Vinho afirma que seguirá com o diálogo e a busca por ações integradas com Caxias do Sul. “A região como um todo tem pautas comuns que precisam ser trabalhadas em conjunto como infraestrutura, desenvolvimento e o turismo”, destaca a administração municipal de Bento Gonçalves.
Em entrevista concedida ao Jornal Semanário, em 8 de outubro, o prefeito reeleito em Bento Gonçalves Diogo Siqueira, afirmou que houve uma boa relação, não só com a gestão de Adiló Didomenico em Caxias, mas com todos os prefeitos da região, que exerceram o mandato entre 2021 e 2024.
Propostas e pensamentos dos dois candidatos:
Para conhecer melhor as propostas dos candidatos, o Jornal Semanário os entrevistou. Durante as conversas, ambos descreveram suas principais motivações para querer governar a cidade, explicando suas visões para o futuro de Caxias. A ordem das respostas foi definida pelo número dos candidatos.
Por que você quer ser prefeito?
Maurício Scalco (PL) – 22
“Em primeiro lugar, pelos interesses da cidade. Quando se é eleito prefeito, estamos administrando para todos, independentemente de partidos. Precisamos atender à população, que está precisando de UBS funcionando, médicos, e vagas nas escolas e creches — Caxias do Sul tem 4 mil vagas de creche em falta.
É essencial trabalhar em prol de Caxias, independentemente dos governos estadual e federal. Temos que planejar a cidade a curto, médio e longo prazo, mas isso não está sendo feito. Precisamos de projetos estruturantes para captar recursos, principalmente do governo federal, que tem verba disponível, mas, sem projetos, o dinheiro não vem. O diálogo é aberto para todos. A prioridade é a defesa dos interesses da cidade e região, e para isso, não existe partido, existe a cidade Caxias do Sul.
O munícipio tem vários problemas na saúde e educação. Porém, a zeladoria e limpeza urbana são uma vergonha. Já fomos referência nacional neste setor, mas atualmente temos mais de 1,1 mil lixões espalhados por Caxias, um reflexo da má gestão dos serviços prestados. Além disso, a situação da iluminação pública também é crítica. Apesar da PPP de iluminação que vai resolver parte do problema, houve um erro grave nos dados: a prefeitura informou que havia 2 mil lâmpadas queimadas, mas, na verdade, eram mais de 6 mil.
Os impostos que pagamos são altos para todos, independentemente do salário. É imposto para comida, é imposto para luz, é tudo imposto nesse país. Nós estamos com uma síndrome de vira-lata. Mais ou menos assim, aqui em Caxias, se trocou a minha lâmpada, eu agradeço a Deus. Não tem que agradecer, isso é o básico, tem que ser entregue. Recolher o lixo é o básico, tem que ser entregue. Para vocês terem uma ideia, eu vou trazer aqui o caso do lixo de novo. Flores da Cunha paga três vezes menos para coleta de lixo urbano do que Caxias do Sul. A gente paga coleta de lixo para box de garagem, que não gera resíduo. Para terreno baldio as outras cidades não cobram. A nossa taxa de lixo é a maior do estado. Poxa, e o serviço não funciona, está na hora de mudar, está na hora de transformar Caxias do Sul. Nós não podemos mais aceitar problemas de gestão. Quem está pagando a conta é o povo, e o serviço público não está sendo entregue”.
Adiló Didomenico (PSDB) – 45
“Quero ser prefeito de Caxias do Sul porque enfrentamos, durante três anos e meio de uma gestão de quatro anos, a pior crise da história do município. Herdamos, pela primeira vez, um orçamento devedor de R$ 230 milhões, lidamos com o caso Magnabosco estourando, dois anos de pandemia, com a receita caindo e os custos aumentando. Além de problemas como o fundo de aposentadoria dos servidores, dois anos de estiagem e as quatro maiores enchentes da história. Apesar de tudo isso, conseguimos realizar muitas entregas, organizar a cidade e recuperar as finanças, inclusive reduzindo impostos. Hoje, Caxias está preparada para crescer e se desenvolver, com muitos projetos em andamento, como o Cidade Resiliente, o aeroporto e grandes obras de infraestrutura. Seria uma lástima o governo cair nas mãos de uma pessoa inexperiente, o que causaria um grande retrocesso para a nossa cidade. Por isso, sinto o dever de colocar meu nome à disposição da sociedade. Espero que, no dia 27, o povo caxiense possa julgar o esforço e o sacrifício que fizemos para recuperar o município, sempre em paz e harmonia, sem dividir ou hostilizar ninguém, dialogando e construindo, até com aqueles que pensam diferente de nós. Respeitamos o contraditório e aprendemos com ele. É com essa proposta que me apresento para mais um mandato de quatro anos, junto com o Néspolo, para mostrarmos tudo o que preparamos e organizamos para a cidade“.