De acordo com o prefeito de Cotiporã, parte da estrutura foi levada pelas águas
Na manhã desta quarta-feira, 15, o prefeito de Cotiporã, Ivelton Zardo, confirmou em um vídeo publicado nas redes sociais que parte da ponte que liga Cotiporã a Bento Gonçalves foi arrastada pelas águas do rio das Antas. A extensão do dano ainda não pôde ser totalmente avaliada devido ao nível elevado do rio, que dificulta a visualização da estrutura.
Ainda não se sabe qual a dimensão da destruição. No entanto, a força das águas na região próxima à cabeceira de Cotiporã foi suficiente para comprometer a estrutura, levando à sua destruição.
A interrupção da ponte entre Cotiporã e Bento Gonçalves representa um desafio significativo para a mobilidade na região, afetando diretamente o acesso entre os municípios.
Com a interrupção da ponte entre Cotiporã e Bento Gonçalves, o acesso principal a esses municípios será redirecionado para a ERS-437, que conecta Vila Flores a Antônio Prado. No entanto, é importante destacar que essa via apresenta trechos não pavimentados e restrições quanto ao peso das cargas, o que pode impactar o tráfego e a logística de transporte na região.
Ainda não há previsão para a reabertura da ponte, uma vez que os trabalhos de avaliação e reconstrução estão apenas começando.
Pilares de sustentação podem garantir estabilidade da estrutura, observa engenheiro
Segundo o mestre em engenharia civil, com concentração em estruturas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maílson Scherer, um dos aspectos que pode afetar a estabilidade de uma estrutura é a sua configuração de apoios. Conforme o estudioso, estruturas contínuas com maior quantidade de apoios apresentam, em geral, uma melhor capacidade de redistribuição de esforços. “Isto é, se algum apoio apresentar algum tipo de instabilidade e perder a capacidade de suportar os carregamentos impostos, os demais apoios podem, eventualmente, absorver algum acréscimo de carregamento, garantido que a estrutura se mantenha estável mesmo diante de alguma falha estrutural localizada. Este comportamento não é observado estruturas com um número reduzido de apoios (dois, por exemplo), onde a falha de um dos apoios pode culminar na falha generalizada da estrutura. Trata-se, portanto, de uma possível justificativa para o bom comportamento da ponte em questão frente a estes eventos extremos”, explica.
Ainda, segundo Scherer, é necessário pontuar que cada estrutura apresenta, ainda, suas particularidades e condições locais. “Em se tratando da força transmitida pela água à estrutura, esta depende, dentre outros fatores, da velocidade do curso d’água nas intermediações da estrutura. Na prática, esse efeito só pode ser mais bem avaliado por intermédio de estudos hidrológicos”, revela. Apesar de não possui informações mais detalhadas sobre a estrutura, o engenheiro entende que pelas características locais, os esforços adicionais decorrentes das cheias não representem, para a estrutura em questão, uma situação crítica em termos de estabilidade, de modo que a margem de segurança estabelecida em seu projeto se apresente suficiente para acomodar tais acréscimos.
Scherer diz ainda que as condições locais, a estabilidade dos pilares diante das cheias pode se justificar pela adequada escolha do tipo de fundação que suporta a estrutura. “Tudo indica que a solução adotada ainda na fase de projeto (possivelmente alguma solução em estacas) não vem tendo o desempenho estrutural afetado apesar dos possíveis efeitos das cheias nas condições do leito do rio”, observa.