O suspeito foi localizado em Porto Alegre e levado ao sistema prisional, encerrando uma investigação que resultou na prisão da enteada da vítima e outros envolvidos no crime
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, nesta quarta-feira, 13, o responsável pela coordenação do sequestro de Osmir Rodrigues dos Santos, ocorrido em Bento Gonçalves no dia 27 de agosto deste ano. A ação foi realizada pela Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), em conjunto com a 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, que vinha conduzindo a investigação desde o momento em que o crime foi descoberto.
O sequestrador, um homem de 42 anos, foi localizado em Porto Alegre e levado ao sistema prisional. Ele é apontado como o líder do grupo que executou o sequestro de Osmir, um homem de 67 anos, e sua esposa, de 56 anos, que também foi vítima do cárcere privado.
Relembre o caso
No dia 27 de agosto de 2024, a Polícia Civil foi informada sobre um possível sequestro na região do Vale Aurora, em Bento Gonçalves, após uma das vítimas, a esposa de Osmir, ser encontrada em um matagal nas proximidades da residência. Ela relatou que havia sido mantida em cárcere privado durante todo o dia, enquanto seu esposo, Osmir, estava desaparecido.
A investigação inicial indicou que o sequestro envolveu duas vítimas: a esposa de Osmir, que conseguiu fugir, e o próprio Osmir, que foi levado à força de sua casa. Imediatamente, a principal suspeita foi identificada como sendo a enteada de Osmir, uma mulher de 38 anos. A investigação revelou que, na madrugada de 27 de agosto, ela havia recebido a ajuda de três homens, conhecidos como “captadores”, para sequestrar seu padrasto. Eles o retiraram de seu quarto, amarraram suas mãos e o arrastaram até um veículo, enquanto a suspeita mantinha sua mãe trancada em um cômodo da casa para que não intervisse.
Nos dias seguintes, a equipe policial descobriu que Osmir havia sido levado para uma clínica de recuperação de dependentes químicos em Osório, município localizado a cerca de 200 quilômetros de Bento Gonçalves. A situação chamou a atenção dos investigadores, pois não havia indícios de que Osmir fosse dependente químico. A suspeita revelou, então, que havia contratado os “captadores” com o intuito de internar seu padrasto à força, sem seu consentimento, em uma tentativa de forçá-lo a buscar tratamento. “Tal fato chamou atenção da equipe policial, visto que após todos esses dias de trabalho investigativo não se tinha notícia de que a vítima, Osmir, seria dependente químico. O que se sabia era que ele trabalhava durante o dia todo e à noite, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida antes do jantar”, revela o inquérito.
Após a descoberta do local, no dia 8 de setembro, Osmir foi resgatado pelos policiais da 1ª DP de Bento Gonçalves em Osório. Ele havia sido internado na clínica com documentos falsificados, incluindo um termo de internação voluntária que, segundo a investigação, foi assinado sob coação. “Apurou-se que teve que assinar documentos para ingresso no estabelecimento e um destes seria um termo de internação voluntária. Porém, diante do contexto investigado, constatou-se que, apesar da assinatura, tratava-se de internação que não atendia aos preceitos legais, visto que não havia voluntariedade do paciente Osmir, nem encaminhamento médico e muito menos ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada pelos Policiais e trazida para Bento Gonçalves e entregue à família”, diz trecho da investigação, divulgada pela Polícia Civil.
Prisões
Em meio à apuração, foi identificada a participação do líder dos “captadores”, que foi preso preventivamente. O trabalho investigativo, conduzido de forma intensa pela Polícia Civil, levou à prisão de todos os principais envolvidos no crime. A suspeita, enteada de Osmir, foi presa no dia 31 de agosto, após a expedição de mandado de prisão temporária. O responsável pela clínica em Osório também foi indiciado, uma vez que a internação de Osmir não seguiu os trâmites legais exigidos.
O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário, com as prisões dos principais envolvidos, incluindo a suspeita e o líder do grupo de captadores, e o indiciamento do responsável pela clínica. A Polícia Civil agora segue com as investigações para apurar a responsabilidade de outros envolvidos no caso.
O resgate de Osmir e a prisão dos suspeitos marcam o fim de uma investigação complexa e o desfecho de um crime que chocou a comunidade de Bento Gonçalves e região.