Na manhã de quarta-feira, 16, o delegado de Polícia de Veranópolis, Tiago Baldin, convocou uma coletiva de imprensa para esclarecer dois eventos recentes que mobilizaram a cidade e a região: um homicídio ocorrido no dia 2 de outubro e uma operação de combate à lavagem de dinheiro, deflagrada no dia 4 de outubro. Ambos os casos estão relacionados ao tráfico de drogas.
Homicídio no bairro São Francisco
No dia 2 de outubro, por volta das 19h, um homem foi fatalmente alvejado em uma emboscada no bairro São Francisco. A vítima, com histórico de envolvimento no tráfico de drogas, já havia sobrevivido a uma tentativa de homicídio no mesmo local na noite de Natal do ano anterior. Desta vez, o ataque foi mais organizado, com três criminosos esperando a vítima, que, mesmo ferido, conseguiu revidar.
Dois dos três autores do homicídio já foram presos pela polícia, com um deles capturado no dia 3 de outubro. O terceiro suspeito permanece foragido, mas a polícia acredita que sua captura esteja próxima. O delegado Baldin informou que o homicídio foi qualificado, envolvendo associação criminosa e uso de arma de fogo, motivado por disputas relacionadas ao tráfico.
Operação de combate à lavagem de dinheiro
Além do homicídio, Baldin detalhou uma operação de grande porte contra a lavagem de dinheiro, que envolveu a Polícia Civil, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Civil de Santa Catarina. Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de 23 veículos e no bloqueio judicial de quase R$ 8,5 milhões, originados de atividades ilícitas como tráfico de drogas e estelionato.
O objetivo da operação foi “descapitalizar o grupo criminoso” que atua na região, enfraquecendo sua capacidade de adquirir drogas e armas. Baldin enfatizou que o tráfico de drogas é um “grande câncer social” e que 90% dos crimes na região estão relacionados a essa prática.
Movimentação financeira do crime organizado
Durante a coletiva, Baldin destacou que a operação visava bloquear os recursos financeiros da facção criminosa, que, em 12 meses de investigação, movimentou mais de R$ 13 milhões. Esse dinheiro, proveniente de práticas ilícitas, era “lavado” por meio de “laranjas” e empresas de fachada para parecer lícito.
A operação foi um refinamento das investigações iniciadas em 2020, com foco agora na lavagem de dinheiro, após uma fase anterior dedicada à estruturação da organização criminosa.
Prisões e continuidade das investigações
Até o momento, dois indivíduos foram presos na operação de lavagem de dinheiro. O delegado Baldin informou que a Polícia Civil solicitou 39 prisões preventivas, que foram indeferidas pelo Poder Judiciário. O Ministério Público havia apoiado as prisões, argumentando que a liberdade dos suspeitos representava um risco à sociedade.
A operação também resultou na apreensão de três quilos de cocaína em Veranópolis, quantidade significativa para a região, que poderia render o dobro em vendas após a mistura com outras substâncias.
O inquérito da operação de lavagem de dinheiro está em fase final, com investigadores analisando as provas obtidas nas 44 ordens de busca e apreensão. Baldin afirmou que, embora não haja previsão de uma terceira fase da operação, novas medidas poderão ser adotadas para desmantelar completamente a organização criminosa.
“Nos próximos meses, pretendemos enviar o resultado final ao Ministério Público, para que o Poder Judiciário dê continuidade ao processo”, conclui Baldin.
Foto: Gabriela Guarda Bés / Rádio Studio
Fonte: Rádio Studio FM