Embora projeção seja de uma colheita 30% menor do que 2017, expectativa do setor é de qualidade superior neste ano

Produtores e entidades estão otimistas com relação à safra da uva, principalmente no que envolve qualidade, mas preveem que a produção seja cerca de 30% menor do que a supersafra de 2017. Para garantir uma boa colheita, a expectativa do setor é de que o tempo se mantenha firme nos próximos meses, com pancadas de chuva esporádicas.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em 2017 foram colhidas 750 mil toneladas de uva, enquanto a previsão para 2018 é de cerca de 600 mil toneladas. Na avaliação do órgão, o clima está colaborando, o que deve garantir um excelente desenvolvimento para a videira.
O presidente do Ibravin, Oscar Ló, observa que o cenário favorável para 2018 deve ajudar na comercialização dos produtos. “O setor busca excelência. Por isso, uma produção menor e um clima favorável tem como consequência mais qualidade”, avalia.
Ainda segundo Ló, as
uvas que já estão sendo colhidas demonstram que a qualidade está superior ao ano passado. “Nós podemos considerar que 600 milhões de quilos é uma safra normal, na média dos últimos anos. Ano passado tivemos uma safra acima da média, em quantidade”, ressalta.
Para o técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Thompson Didoné, que fez uma análise das variedades precoces, a qualidade das uvas que vão ser colhidas na próxima semana está muito boa. “Tudo indica que teremos ótimos vinhos, espumantes e derivados”, comenta.
O técnico ressalta que, em termos de quantidade, a safra de 2018 deve ser pouco menor do que uma colheita normal. “Nós temos que comparar com a média dos anos anteriores. Temos que lembrar que no ano passado foi uma supersafra, algo que não acontecia há 60 anos”, lembra. Ele ainda declara
que, apesar da redução no volume, há dois anos a safra foi ainda menor.
Quanto à questão climática, de acordo com Didoné, um relatório sobre o clima demonstra que a Serra Gaúcha deve permanecer mais seca do que o normal no próximo trimestre, devido ao fenômeno La Niña. “Se isso acabar se confirmando, a qualidade da uva vai ser excelente”, prevê.

 

Para agricultores, estradas estão ruins

Embora as perspectivas com a safra sejam otimistas, os moradores do interior e caminhoneiros que utilizam os trajetos para escoar a produção declaram que as estradas estão precárias e que os caminhões vão ter dificuldades até o final do período de colheita. A reportagem do Semanário conversou com moradores do Vale Aurora e com motoristas que utilizam das estradas do Buratti e Monte Belo do Sul.
De acordo com o caminhoneiro Geraldo Pietrobon, de 53 anos, em Pinto Bandeira há muitos buracos e, por isso, seria necessário colocar uma nova camada de asfalto. “Dependendo do motorista, tem perigo de acidente”, comenta.
Para o motorista de caminhão Daniel Rizzardo, de 42 anos, seria necessário patrolar as rotas que ligam a região central do município com o Buratti. “Acaba estragando por causa das pancadas, teriam que arrumar as valetas”, afirma.

No Vale Aurora

Segundo o agricultor Gilmar Balbinot, de 56 anos, morador do Vale Aurora, o interior do município foi esquecido nos últimos cinco anos. “Está péssimo, arrumaram um pedacinho e abandonaram. Precisa de, no mínimo, uma roçada”, avalia. Ele observa que o problema representa uma ameaça à segurança dos condutores.
De acordo com Valdir Rossatto, de 56 anos, os políticos deveriam ver com os próprios olhos como estão as estradas do interior do município. “Está pior do que péssima. Se cada um que entrou na Prefeitura e prometeu fazer asfalto fizesse 1 quilômetro, todo o Vale Aurora já estaria asfaltado”, ironiza.
Alberto Garbin, de 64 anos, observa que melhorou porque o Poder Público passou a patrola há poucos dias. “Mas fizeram um serviço mal feito, não vai aguentar a safra”, relata. Na sua opinião, é necessário tirar algumas curvas, roçar e, futuramente, fazer um asfalto. “Essa semana continua relativamente boa, mas tem pedaços que não foram feitos”, observa.

 

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