Inicialmente, o Borgo era formado por muito comércio, mas pelo menos nos últimos 15 anos, esse cenário teve uma mudança significativa com o crescimento populacional, como em toda em Bento Gonçalves. E com isso, o bairro passou a alternar entre pontos positivos e alguns nem tão favoráveis para seus moradores, que também pedem um olhar mais atencioso do setor público, principalmente nos quesitos lixo, algo recorrente no local, e segurança.

No último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, através do Censo, o Borgo apresentava 2.780 moradores. Quase nove anos depois, esse número populacional foi ultrapassado, o que faz do bairro um dos 10 maiores da Capital do Vinho.

Vários pedidos por melhorias

Há alguns aspectos que precisam melhorar para os moradores do Borgo. O primeiro deles é a limpeza. É recorrente encontrar lixo jogado pelas vias do bairro. Bruno Soares Lemos aborda o assunto. “Nos terrenos abandonados falta uma limpeza. Na Alameda dos Jacarandás, as pessoas colocam lixo e fazem outras coisas ali que de certo modo incomodam”, observa.

Em alguns pontos da rua São Paulo, principalmente próximos a terrenos com mata nativa, é possível encontrar muitos materiais jogados fora, tais como: sofás, latas, garrafas, livros didáticos, TVs de tubo e plana, peças de informática e até caixas de remédios vencidos ainda lacradas.

Segundo Sileide Bergonsi Westerlund, em certos pontos a limpeza é feita pelos próprios moradores, como na Paulo Turconi “Nós acabamos tendo que manter a rua limpa, pois é feito só até um ponto”, sustenta.

Entre as ruas São Paulo e Fiorelo Bertuol, na divisa do bairro Borgo com o Progresso, o morador Eldo Sernaggiotto sofre com um problema que dura quase dois anos, o esgoto à céu aberto. “Esta insuportável essa situação. Já fizemos várias reclamações, vieram aqui, dão uma olhada, dizem que irão resolver e segue tudo igual. O cheiro é insuportável, só fechando a casa inteira para aguentar. Dois anos e nada, só promessa”, relata.

Sernaggiotto mostrou à reportagem um poço que foi instalado no local. O mesmo não está fechado de forma correta. “Tá aberto, a tampa não fecha por completo. Isso é perigoso, imagina uma criança cair ali. E não é nada agradável, porque vários animais rondam o local também”, finaliza.
Em termos de segurança, para Lemos, apesar do pouco tempo no bairro, entende que houve avanços. “Pode melhorar, principalmente próximos a esses terrenos vazios, mesmo assim a gente se sente seguro, ao menos aqui na rua, até porque temos os zeladores nos prédios”, conta.

No entender de Sileide, há muito que melhorar. “O problema é a deficiência na segurança, já fomos de duas a três vezes assaltadas. Têm muitos moradores de rua e outras atividades que pulam a cerca à noite para assaltar, pois verificamos pelas câmaras de segurança. A gente não vê viaturas da BM circulando, até fizemos um cadastro que teria uma viatura passando de vez em quando, mas não verifico isso”, lamenta.

Sileide ainda se refere a algumas ruas escuras do bairro. “Tem ruas que estão sem qualquer tipo de iluminação nos postes. Isso, querendo ou não, gera uma certa insegurança. Muitas pessoas trabalham à noite e voltam para casa tarde. A gente sabe que tm moradores que se sentem inseguros”, destaca.

Outro ponto de melhoria é na Praça Pe. Oscar Bertoldo. O monumento em homenagem a personalidade sofreu com um ato de vandalismo, estando quebrado. A placa com os dizeres está apagada. Uma frequentadora falou sobre os atos de vandalismo. “O lugar em si está bem cuidado, mas ao ver essa estátua quebrada vem um sentimento de tristeza. As pessoas não conseguem cuidar do que é próprio, do que é um patrimônio de todos. Eu lamento muito ver esse tipo de coisa”, opina.

 

 

Aspectos positivos para morar no Borgo

A Praça Pe. Oscar Bertoldo, também conhecida como Da Gruta, é um dos locais dos mais frequentados, principalmente no período do horário de verão. Hector Cardoso fala com carinho sobre o espaço. “É um espaço em que venho quase todos os dias pela manhã, para fazer um exercício. E nos finais de semana, com familiares para aproveitar a sombra”, reconhece.

Além da praça, para Cardoso, o Borgo tem outros atrativos os quais considera como positivos. “Temos um bom comércio, principalmente, no meu entender, de mercados. Mas há outras opções para quem precisa que encontramos aqui, não precisamos todo o dia ir até o Centro”, completa.
Para Lemos, a ida ao bairro mesmo que recente, já é considerada benéfica. “Estou há um ano morando no Borgo e isso facilitou muito com a minha esposa por ficar próximo ao trabalho. A região é boa, vizinhança tranquila. Particularmente, nos sentimos seguros”, assegura.

Lemos destaca que as melhorias que sua rua, a Sestílio Gasparri, recebeu nos últimos tempos. “Não tinha uma calçada aqui, agora temos. Também colocaram iluminação, que era algo que nós, como moradores destes prédios novos, vínhamos pedindo”, salienta.

Há 16 anos como moradora e há oito anos na função de comerciante no local, Sileide faz considerações positivas em torno do bairro. “O Borgo já tem uma população significativa e que está crescendo cada vez mais. Isso em uma cidade turística é fundamental, precisa existir e faz com que todos nos beneficiemos”, conta.

O crescimento do bairro, também auxiliou vários pontos comerciais, como o de Sileide. “Ajuda, com certeza. Fechamos bem o ano e nestes primeiros dias estamos mantendo, o que nos dá boas perspectivas para o futuro”, comemora.

Fotos: Guilherme Kalsing/Jornal Semanário