Estudo realizado pela Universidade Stellenbosch, na África do Sul, analisou casos recorrentes de reinfecção após variante Ômicron
Ainda no fim de março, uma revista científica de renome, a Science, divulgou uma pesquisa que reforça a teoria de que a reinfecção por Covid-19 poderá ser cada vez mais comum com o passar dos anos. O estudo desenvolvido por 10 cientistas da Universidade Stellenbosch mostra que na África do Sul a reinfecção aumentou gradativamente com a chegada das variantes do vírus, principalmente com a mais recente delas.
Por meio desse estudo e de outras comprovações científicas verificadas até o momento, é possível afirmar que pessoas poderão ser reinfectadas por Covid-19 mais de duas vezes ao ano, se estendendo até três registros ou mais. Algo semelhante com o que ocorre com o vírus da influenza, conhecida popularmente como gripe, atualmente.
Ômicron como ferramenta da infecção
Na pesquisa da Science é possível checar isso a partir de uma amostragem de quase 3 milhões de testes positivos estudados em laboratório. Mesmo com a presença das variantes Beta e Delta, as reinfecções eram mais raras, porém, com a chegada da Ômicron, em outubro de 2021, alguns indivíduos chegaram a pegar a doença até três vezes. Alguns poucos tiveram quatro casos.
Os pesquisadores comprovaram que as situações de reinfecção são constantemente mais vistas em intervalos menores do que três meses, o que reforça a possibilidade recorrente do vírus atuar no organismo ao longo do ano. Dos 3 milhões de pacientes investigados, cerca de 105 mil sofreram com reinfecção.
Subvariantes
Esses casos são mais comuns com a Ômicron porque ela possui as proteínas spikes mais infecsiosas de toda a cepa do coronavírus. Além disso, ela desenvolveu outras subvariantes, que mantém esse fator infeccioso presente, aliado a modificações atualizadas do desenvolvimento do vírus.
Por que ocorrem as reinfecções?
Esses números remontam o cenário pandêmico para levantar hipóteses que cercam a possibilidade de brasileiros pegarem o Covid-19 mais de duas vezes ao ano. Primeiramente, as vacinas protegem as pessoas de episódios graves da doença, mas não contra a infeção propriamente dita. Por conta disso, mais casos podem ser frequentes, apesar da alta taxa de imunização e de quadros leves de sintomas.
Aqui no Brasil a variante Ômicron é a mais comum dentre todas as cepas em circulação. Como mencionado anteriormente, ela também é a mais contagiosa das variantes, o que pode facilitar os casos de reinfecção em brasileiros, que são expostas a ela diariamente.
Mesmo com um possível aumento na circulação da Covid, a tendência, frente ao cenário atual do Brasil, é que não devemos ter novas ondas de mortes e hospitalizações, pois as aplicações em larga escala dos imunizantes previnem isso. Para maiores índices de proteção contra a infecção a medicina precisaria avançar para uma segunda geração de vacinas contra o vírus.