Prateleiras devem ter menos chocolate este ano e o momento indica uma retração de consumo. Entretanto, o cenário é doce para os pequenos negócios
O ano passado a Páscoa já foi uma data bastante afetada pela pandemia, neste não deve ser diferente. Para evitar que produtos sobrem nas prateleiras e empresários sejam pegos de surpresa, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) afirma que o estoque está 30% menor, em comparação com 2020.
O presidente, Antônio Cesa Longo, aponta que a associação não realizou pesquisa de vendas neste ano. “O setor supermercadista gaúcho está totalmente focado no atendimento das necessidades básicas da população gaúcha, garantindo o abastecimento das famílias. Certamente o faturamento será menor. O segmento está expondo uma quantidade mínima de ovos de chocolates e itens de Páscoa para atender aos consumidores”, esclarece.
O encontro de famílias ainda é incerto, o que influencia diretamente na diminuição da compra de presentes e de alimentos específicos para a comemoração. Para o presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, o desejo é que seja uma celebração mais doce. “A expectativa, entretanto, diante dos aspectos do momento, indicam uma retração de consumo. Cada família tem sua realidade. Estamos vivendo o pior cenário da pandemia. O ano de 2020 não é referência e o de 2021 também não está sendo. Por outro lado, diante da experiência vivida nos últimos 12 meses, acredita-se que as promoções, parcerias e novas ferramentas possam conquistar e atrair o consumidor”, pondera.
Os preços de ovos de chocolate e caixas de bombom também estarão mais elevados, puxados principalmente pela inflação de custo de insumos e valorização do dólar, e isso também deve impactar. “Se as vendas serão maiores ou menores não sabemos, mas certamente serão ruins. O consumo estava mostrando alguma reação nos últimos meses, mesmo que com patamar ainda baixo, mas, diante do contexto geral da pandemia e da inflação, a redução é nítida e inevitável”, sublinha Amadio.
As entidades estão otimistas com a volta da flexibilização das restrições e a permissão para que estabelecimentos retomem as atividades, prevista para o dia 22. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BG), Marcos Carbone, assim será possível trabalhar pelos negócios e vendas. “O comércio aguarda com ansiedade o retorno do sistema de cogestão. Além disso, clama por estabilidade, para que possa organizar a rotina operacional (compra de mercadorias, insumos, escala de trabalho, entre outros) com um mínimo de planejamento. A inconstância agrava uma situação que já é desafiadora. O setor acumula perdas que beiram o irreparável”, lamenta.
O comércio aguarda com ansiedade o retorno da cogestão. Marcos Carbone, presidente da CDL-BG
A orientação da CDL é atuar em consonância com as determinações, tanto as restrições de funcionamento quanto os protocolos de segurança. “É importante que haja esforços na conscientização da população e fiscalização para coibir atividades clandestinas, como festas e aglomerações, que são os reais propulsores do vírus, e não os estabelecimentos comerciais que operam dentro das regras”, recomenda.
Delivery deve ser saída dos lojistas
Com a retomada da cogestão na segunda-feira, 22, o comércio, mesmo que com restrições, deve voltar a abrir. Amadio acredita que o setor poderá apostar como apelo de venda. “Nem todos os setores conseguem se beneficiar com o delivery, depende muito do produto, da estrutura da empresa, da relação com o cliente e da própria necessidade que ele tem a determinados produtos. Nosso desejo é que as pessoas, mesmo que não invistam alto em presentes de Páscoa, não se esqueçam de privilegiar o comércio local, além de surpreender as pessoas de seus convívios mais próximos, seja na família ou no trabalho”, valoriza.
Data promissora aos pequenos empreendedores
Faltam duas semanas para a data mais doce do calendário. O momento une a simbologia da fé cristã com um período de bons rendimentos e oportunidades aos pequenos negócios.
Embora seja a segunda vez que a Páscoa é celebrada em um período de pandemia, a confeiteira artesanal, Siminea Lima, está com expectativas elevadas. Ela conta que tudo foi comprado e organizado antecipadamente, ainda em janeiro, inclusive a cartela de produtos foi apresentada antes aos clientes. “Usamos muito as redes sociais e uma pessoa passa para a outra”, afirma. Ela comenta que no início da pandemia o número de seguidores no Instagram era em torno de 3,3 mil seguidores. No decorrer dos meses, subiu para quase oito.
Reinventar foi, sem dúvidas, a palavras de muitos empreendedores. Siminea, que antes trabalhava apenas com festas, também precisou recriar. “Mudamos nossos nichos para atender os clientes, foi aí que nos deu um gás para todo o restante do ano. As pessoas tinham receio de ir ao supermercado e trabalhamos com tele-entrega. Nossa expectativa para este ano também é muito boa. Investimentos bastante em embalagens, insumos de qualidade e chocolate nobre. Tudo isso soma para termos esperança de um ano bom nas vendas”, acredita.
Foto capa: Franciele Zanon/JS