Bento-gonçalvense Mauricio Farina integra grupo de 104 atletas que entrou para a história do paraquedismo

Uma façanha que entrou para a história do esporte sul-americano foi realizada recentemente nos céus da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Um total de 104 paraquedistas de seis países da América do Sul – Brasil, Argentina, Chile, Equador, Paraguai e Uruguai – realizou com sucesso a maior formação em queda livre já registrada no continente, quebrando um recorde sul-americano e elevando o nível técnico da modalidade.

Entre os integrantes dessa conquista histórica, estava o bento-gonçalvense Mauricio Dall’Oglio Farina, atleta civil apaixonado pelo paraquedismo e com longa trajetória de dedicação. Para ele, participar da formação foi uma experiência única: “Foi indescritível. Fazer parte dessa formação histórica foi o ápice de muita dedicação, treinamento e paixão pelo esporte. No momento em que a formação se completou no ar, senti uma mistura de alívio, orgulho e uma energia coletiva incrível”, salienta.

A formação exigiu não apenas coragem, mas um intenso processo de treinamento que começou meses antes, com treinos técnicos, simulações em túneis de vento e saltos em eventos preparatórios. “Cada atleta precisou estar com a técnica muito afiada, pois em formações grandes, qualquer erro pode comprometer todo o salto”, explica Farina.

A logística envolvida também impressiona: cinco aviões voando em formação para lançar os 130 atletas convidados, que passaram por diversas fases até a execução perfeita da figura aérea. “No total, foram realizados 12 saltos para alcançar o recorde. Começamos com saltos menores para treinar os grupos e ajustar a posição de cada um. Foi um trabalho intenso, técnico e colaborativo”, frisa.

Mauricio Dall’Oglio Farina

Os desafios físicos foram muitos. Segundo o atleta, manter a precisão em queda livre e a coordenação entre dezenas de pessoas exige alto controle corporal e mental. Além disso, o esforço de manter a posição correta, o uso de equipamentos pesados, o calor intenso e a altitude exigem resistência. “Fisicamente, o esforço é grande. E mentalmente, é preciso estar muito bem preparado. Lidar com pressão e manter a concentração, mesmo após vários saltos no dia, é essencial”, pontua.

Mesmo com atletas de diferentes países e idiomas, a comunicação fluiu com naturalidade. “A linguagem técnica do esporte é universal. Usamos comandos padronizados e os briefings são traduzidos em tempo real. O respeito e o espírito de equipe prevalecem”, diz.

A convivência entre civis e militares também foi harmoniosa. Farina, que participou como atleta civil, destaca a união do grupo: “A comunidade de atletas no paraquedismo é pequena, e a convivência entre civis e militares é constante e sempre muito amigável”, pondera.

O bento-gonçalvense participou com mais 103 atletas

O evento foi bem recebido também pelo público e pelos organizadores norte-americanos. “A recepção foi calorosa. Houve muita admiração pela união dos países sul-americanos em busca do recorde. Foi uma troca cultural muito rica”, ressalta.

Para Farina, levar o nome de Bento Gonçalves para um feito dessa magnitude também foi um motivo de orgulho pessoal. “Mesmo vindo de uma cidade do interior, é possível alcançar grandes conquistas com esforço e comprometimento”, reforçou.

A conquista, segundo ele, representa um marco importante para o esporte no continente: “Mostra a força e a evolução do paraquedismo sul-americano. É uma inspiração para novos atletas e projeta o nosso talento internacionalmente”, reitera.

Já de olho no futuro, Farina planeja continuar buscando evolução técnica e participar de formações ainda maiores e tentativas de recordes mundiais. E para os que sonham em seguir seus passos, ele deixa um recado inspirador: “Acreditem no processo. Com disciplina, humildade para aprender e paixão pelo que se faz, é possível alcançar voos muito altos, literalmente”, finaliza.