O verão é a época em que muitos aproveitam para viajar e curtir as férias com amigos e familiares. Neste período, além dos aeroportos mais cheios, o fluxo nas estradas também aumenta.
É justamente no ambiente das rodovias, principalmente nos postos de combustíveis com espaço de parada e descanso, que uma perversa violação dos direitos de crianças e adolescentes pode acontecer.
A exploração sexual faz parte dos “serviços” oferecidos, na maioria dos casos, por aliciadores. No mapeamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal, juntamente com informações do Ministério Público do Trabalho, entre 2017 e 2018, 19 pontos vulneráveis de exploração sexual de crianças e adolescentes foram identificados somente na BR-470, que corta parte das cidades da Serra Gaúcha. Destes, três estão em municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa.
A responsabilidade sobre o problema também recai em cada cidadão que trafegará pelas estradas do país em busca de diversão, lazer e descanso
Além de toda barbárie por trás deste ato, há outro desafio a ser superado. Para minimizar ainda mais a exploração sexual de crianças e adolescentes, é preciso conquistar o apoio dos caminhoneiros como uma tarefa contínua, como vigilantes das estradas. E, para isso, é fundamental o engajamento das empresas que utilizam o transporte rodoviário de carga. O problema da exploração sexual nas estradas deve ser enfrentado por toda a sociedade. Cabe ao poder público fazer valer a portaria 944 do Ministério do Trabalho, que trata das condições sanitárias dos locais de parada e descanso.
Após interlocução da Childhood Brasil, que é parceira no projeto de mapeamento das estradas, a portaria tem um artigo que determina a restrição do acesso de crianças e adolescentes a esses locais, exigindo identificação dos pais ou dos responsáveis legais.
Além disso, a responsabilidade sobre o problema também recai em cada cidadão que trafegará pelas estradas do país em busca de diversão, lazer e descanso.
Não podemos fingir que não é conosco. Ao parar na estrada para um simples café ou lanche, lembre-se de que nessas circunstâncias a exploração sexual pode se manifestar. Olhe em volta. Caso suspeite de uma situação de risco, não hesite; denuncie, disque 100 – o serviço de atendimento telefônico gratuito do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.