Eleito pontífice em março de 2013, o argentino Jorge Bergoglio foi o primeiro latino-americano da História a comandar a Igreja Católica
Chegou ao fim o pontificado do primeiro latino-americano a comandar a Igreja Católica. O Vaticano informou, nesta segunda-feira (21), a morte do 266º papa da história, Francisco, aos 88 anos. O pontífice esteve internado devido a uma dupla pneumonia por 37 dias no hospital Gemelli, em Roma. Ele recebeu alta em 23 de março e se recuperava no Vaticano.
“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, diz comunicado oficial.
No Domingo de Páscoa, Francisco apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para dar a tradicional bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo). Após o discurso, o Papa ainda fez um passeio surpresa pela Praça de São Pedro em seu papamóvel para cumprimentar os fiéis. Ele circulou pela praça por alguns minutos e abençoou alguns bebês, escoltado por vários guarda-costas.
— Feliz Páscoa — disse aos fiéis em uma cadeira de rodas.
A morte do argentino Jorge Bergoglio encerra um pontificado de 12 anos, marcado pela popularidade do Papa entre os fiéis, mas também pela resistência dentro de setores da própria Igreja a seus projetos de reformas.
Assim que foi eleito, em 13 de março de 2013, Francisco mostrou seu desejo de ruptura ao aparecer na varanda da basílica de São Pedro sem nenhum ornamento litúrgico. O jesuíta sorridente e de linguajar franco representava um contraste com o tímido Bento XVI, que havia renunciado em 11 de fevereiro daquele ano.
Provavelmente, naquele ponto, o novo papa já tinha em mente algumas das principais propostas para a Igreja Católica: a reforma da Cúria (o governo da Santa Sé), corroída pela inércia, e correção nas finanças do Vaticano.
O ex-arcebispo de Buenos Aires, que nunca fez carreira nos corredores de Roma, queria também “pastores com cheiro de ovelha” para devolver o dinamismo a uma instituição cada vez menos presente e superada em muitas regiões pela vitalidade dos cultos evangélicos. Desde então, as pregações deste crítico do neoliberalismo destacaram reivindicações por maior justiça social, proteção da natureza e defesa dos migrantes que fogem das guerras e da miséria.
A Igreja agora questiona quem será o sucessor de Francisco, um pastor incansável que, apesar da idade avançada e do estado de saúde frágil, comandou mais de 1,3 bilhão de católicos na última década.