Se recuperei o texto perdido? De jeito nenhum! Revirei a máquina pelo avesso e só encontrei minúsculas formiguinhas. Me disseram que é por causa das migalhas que a Gabriella deixa cair no teclado, enquanto come e pesquisa vídeos infantis no Google. Mas eu achei que aquelas microformigas tinham cara de hackers (se bem que hackers não mostram a cara, só a coragem). Vá que elas quisessem descobrir minhas receitas para vendê-las ao McDonald’s…

Como sou teimosa, vou reescrever a crônica, correndo o riso de que ela se torne anacrônica. Afinal, retornando para casa, Papa Francisco deixou de provocar tanto frisson por aqui. Em parte, é até melhor, pois tenho a chance de atualizar minhas opiniões em relação à sua visita.

Realmente penso que o bom franciscano mexeu com a alma brasileira, fazendo os sentimentos explodirem feito uma imensa panela de pressão. Ele mostrou que é do povo e se importa com o povo, deixou mensagens que não são mera retórica e apontou o dedo no nariz dos políticos. Incentivou os jovens a protestarem contra as injustiças e semeou a esperança.

Mas muitos peregrinos buscavam mais que isso. Queriam ver Jesus na figura franciscana e talvez O tenham encontrado. Aos que não viveram essa experiência transcendental, cai bem uma historinha que me foi enviada por e-mail, há tempos. Diz mais ou menos assim:

Havia um menino que queria se encontrar com Deus, embora sabendo que teria um longo caminho pela frente. Um dia, ele encheu a mochila com pastéis e guaraná e saiu para brincar no Parque. Lá encontrou um velhinho sentado em um banco da praça, olhando os pássaros. O menino sentou-se junto a ele, abriu sua mochila e ia tomar um gole de guaraná, quando percebeu o olhar de fome do velhinho. Penalizado, o menino ofereceu-lhe um pastel. Agradecido, o velhinho aceitou e sorriu um sorriso tão incrível que o menino quis ver de novo. Então lhe ofereceu guaraná. Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino deixando-o muito feliz. Ambos ficaram sentados ali sorrindo, comendo pasteis e bebendo guaraná pelo resto da tarde, sem falarem um ao outro. Quando começou a escurecer, o menino resolveu voltar para casa, mas antes de sair, se voltou e deu um grande abraço ao velhinho. Este retribuiu com um grande sorriso. Quando o menino entrou em casa, sua mãe, surpresa com a felicidade estampada em sua face, perguntou o que lhe tinha acontecido. O garoto respondeu que passara a tarde com Deus e acrescentou que Ele tinha o mais lindo sorriso já visto. Enquanto isso, o velhinho chegou em casa radiante, causando estranheza ao filho, que perguntou o motivo de tanta alegria. O velhinho respondeu que comera pastéis e tomara guaraná no parque com Deus. E, antes que seu filho pudesse dizer algo, falou:

– Você sabe que Ele é bem mais jovem do que eu pensava?

 

 

PS: Parabéns, Gabriella, pelos cinco aninhos! (A baixinha tem o sorriso mais bonito que já vi).