A pandemia foi um dos impulsionadores das vendas por meio de ferramentas digitais. Cada empreendedor deve saber a melhor forma de divulgar seus produtos na internet
A internet é uma ferramenta relativamente nova no Brasil. Isto porque nos anos 1990 que ela se popularizou, mas a partir dos anos 2000 começou a ser mais acessível para um percentual maior da população. Da rede discada para a inovação da banda larga, o mundo virtual deixou de ser usado apenas para acesso a sites de notícia e de bate-papo, e se tornou também uma vitrine de compras com o e-commerce.
Depois da pandemia, as relações entre cliente e comércio precisaram mudar e o perfil de parte dos consumidores também. O coordenador de comunicação e marketing, Fábio Prina, explica que o cliente virtual é o mesmo do físico, que vai até o ponto de venda de qualquer empresa. “As ferramentas de venda on-line são novos canais, assim como o telefone ou os antigos catálogos, que facilitavam o consumo de forma remota. Os clientes virtuais buscam exatamente as mesmas coisas que os físicos: bom atendimento, segurança, confiança, agilidade e o melhor custo-benefício”, esclarece.
Prina pontua, entretanto, que a necessidade de criar um e-commerce varia de um negócio para outro. “Para lojas de produtos, como roupas, brinquedos, livros e eletrônicos, uma loja virtual amplia seu raio de abrangência e, consequentemente, sua concorrência. Enquanto um estabelecimento de alimentação ou abastecimento, como mercados, gás e petshops, tem a facilidade de entrar em plataformas de compra on-line como o ifood e o delivery much, o que lhe dá mais visibilidade e pode aumentar as suas vendas sem investimento”, exemplifica.
O profissional explica, porém, que existem diversos negócios voltados a serviços com os quais ainda é muito difícil de trabalhar de forma virtual. “Como posto de gasolina, oficina mecânica, dentistas, etc. Então a característica do empreendimento é o primeiro passo para entender a aplicação de um negócio”, observa.
Além disso, ele salienta que é preciso prestar atenção no tamanho da empresa. “Para micro e pequenos empreendedores, ferramentas como Facebook, WhatsApp, Instagram, Shopee, OLX, Mercado Livre, entre outras, eliminam completamente a necessidade de investir na construção de um e-commerce. O próprio empresário pode criar e gerenciar as vendas on-line, com muita facilidade”, aconselha.
Como vender na internet?
Para Prina, a pandemia da covid-19, e as restrições trazidas por ela, deram uma acelerada muito grande no comércio on-line, na comunicação por vídeo chamadas, no trabalho remoto e em outras formas de lazer em casa. “Se não fosse esse grande fenômeno, o crescimento destes e de outros novos hábitos poderia ter sido bem pequeno por aqui, como foi em anos anteriores. A pandemia obrigou restaurantes que serviam seus clientes apenas na mesa, a levarem sua comida até a casa deles. Lojas que sequer tinham um perfil numa rede social a anunciarem no Instagram Shop, foi um movimento intenso e dinâmico, que vai se manter, mas não creio que a curto prazo irá ter um ‘boom’ de crescimento como o que houve nesses últimos anos. Porém, quem não aderiu a essas inovações técnicas, entre 2020/2021, provavelmente já fechou seu negócio ou deve estar prestes a fazer isso”, pondera.
O comunicador afirma que os marketplaces, como Amazon, Mercado Livre, Shopee, AliBaba, e Submarino, são sites que aglomeram centenas ou até milhares de pequenos negócios. “Existem diversas ofertas e até facilidades, que pensam não só na marca principal, mas também no vendedor. As redes sociais também vêm cada vez mais investindo em ferramentas de venda, principalmente o Facebook e suas outras marcas, mas ainda não existe uma procura e uma fidelidade do consumidor e fazer a compra por lá”, explica.
Apesar da facilidade, o e-commerce não serve para todos os públicos. “Ainda há consumidores que preferem realizar suas compras de forma presencial, principalmente nos grupos superior aos 60 anos. Há também muitas pessoas que têm um relacionamento muito próximo com comércios e profissionais, e compram para valorizar o trabalho e a amizade. O e-commerce também ainda não consegue abranger todas as necessidades, ou pelo menos ainda não tem uma logística de atender a todos da mesma forma com a mesma eficiência”, salienta.
De acordo com Prina, para o comerciante médio, que atua com produtos e serviços, seja qual for o segmento, a presença híbrida ainda é a melhor opção para se manter sustentável num momento de evolução e até incertezas. “Ao mesmo tempo, é muito importante estar a par das inovações e ferramentas que estão sendo disponibilizadas e entender quais delas são mais aplicáveis ao seu modelo de negócio. O importante não é ter lojas virtuais ou participação imensa em grandes marketplaces, mas sim, ter a ferramenta correta que permita que ele siga atendendo bem os seus clientes e atraindo novos”, destaca.
Cenário virtual local
O presidente do Sindilojas-BG, Daniel Amadio, pontuoa que a pandemia obrigou as pessoas a migrarem suas compras para o virtual por conta das lojas fechadas. “O que já era uma tendência virou necessidade e isso favoreceu quem já estava preparado e obrigou os que não estavam a uma mudança de estratégia nas vendas. No geral, em Bento Gonçalves, como em todo o estado, a intensidade foi alta, pois isso tudo aconteceu de forma muito rápida e necessitou mudanças imediatas. Claro que não se faz isso da noite para o dia, mas os que adotaram o novo modelo antes, largaram na frente e tiveram mais sucesso nas escolhas de consumo”, lembra.
Para Amadio, os consumidores buscam praticidade, uma boa vitrine virtual, onde suas dúvidas sobre o produto desejado sejam eliminadas. “O custo sempre é uma boa prerrogativa para a decisão de compra, pois a internet oferece a possibilidade de comparar o mesmo produto em vários canais de venda. Mas se conseguirmos trabalhar mesmo que de forma personalizada, cada consumidor, levando experiência para ele, com certeza teremos uma fidelização com o cliente que pode se tornar duradoura”, acredita.
Ele ressalta que a pandemia mostrou a indispensabilidade dos canais eletrônicos estarem presentes no comércio. “Passado esse período turbulento, com certeza, a praticidade do uso das ferramentas, permanecerá e quem não entendeu a necessidade de implantação, pode, num curto espaço de tempo, perder mercado e clientes”, alerta o presidente do Sindilojas-BG.
Conforme Amadio, com as flexibilizações dos protocolos da pandemia, alguns movimentos de lojas físicas estão retomando e é necessário um aprimoramento nas vendas. “Buscar cada vez mais o FISICAL (físico+virtual), uma conjugação de modelos mais unidos, que tragam os custos e a praticidade do virtual, com a experiência do físico. Lembrando que já estamos falando do sistema Metaverso, onde teremos um personagem dentro de um espaço virtual, interagindo com outras pessoas, como um Avatar. Isso abrirá um campo muito grande de espaços para o comércio. Teremos já que levar em consideração essa nova realidade”, sustenta.
Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Marcos Carbone, não apenas a pandemia, mas o contexto da inclusão digital é fomentador dos negócios virtuais. “O hábito de consumir por meio de plataformas digitais (seja site, rede social ou aplicativos de mensagens) é cada vez maior e seguirá crescendo, por fatores como praticidade, agilidade, comodidade, entre outros, inclusive o perfil das atuais e novas gerações. É importante que os lojistas estejam, sim, atentos a esse movimento e encontrem no meio virtual uma oportunidade de negócio e de fortalecimento de seus empreendimentos, ou seja, um complemento e incentivo às atividades do comércio tradicional, no ponto de venda físico. A CDL-BG tem uma plataforma de qualificação, à disposição dos associados, onde é possível encontrar conteúdos orientativos para entender esse contexto e extrair dele os melhores resultados”, conclui.