Com a chegada do mês de número 10 do ano, chega com ele, também, um movimento mundial de conscientização para a prevenção do câncer de mama. É a campanha denominada Outubro Rosa. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos para o ano de 2020 é de mais de 66 mil. Apesar destes números, quando diagnosticado em estágios precoces podemos observar a cura da doença em até 90% dos casos. O diagnóstico inicial é, portanto, a estratégia fundamental de combate a doença.

De acordo com o médico mastologista, Maximiliano Cassilha Kneubil, o câncer de mama é a neoplasia maligna mais incidente nas mulheres. Porém, a pandemia trouxe alguns entraves. “Agora, com a Covid-19, as pacientes, por medo, deixaram de fazer os exames. Em virtude disso, falando de uma forma geral, se tem a previsão de ter uma quantidade grande de pessoas com tumores mais avançados. Por isso, a gente tem que voltar a fazer os exames”, revela.

Segundo ele, um ponto importante a ser abordado é quanto aos hábitos de vida, que também são essenciais para a redução do risco de câncer de mama. “Além dos exames de rastreamento, que são muito importantes, os hábitos de vida como a obesidade, sedentarismo, ingesta de bebida alcoólica, embutidos, também estão relacionados com o risco do câncer de mama. Então, além de fazer os exames, tem que se pensar nas mudanças para a vida. É necessário deixar claro no Outubro Rosa que os hábitos saudáveis e os exercícios físicos implicam de modo importante na redução do risco de câncer de mama”, considera.

Desta forma, a prevenção continua sendo a melhor forma de detecção precoce. “A gente orienta as mulheres a fazerem a mamografia anualmente, de forma geral, a partir dos 40 anos. Se eventualmente tiver as mamas mais densas, é necessário, muitas vezes, complementar com a ecografia. Portanto, este é o mês em que se faz uma conscientização de fazer estes exames, não tão preventivos, mas de detecção precoce do câncer de mama”, salienta o profissional.

Detecção precoce

O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias. Todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos.

“Mudei minha maneira de ver a vida”

O sorriso sempre esteve estampado no rosto de Fátima Ferri Sartori, até mesmo nos momentos mais difíceis. Há cerca de dois anos, ao fazer exames de rotina, um câncer de mama foi detectado. Ela foi orientada por sua ginecologista e mastologista a fazer avaliações a cada seis meses, pois havia histórico familiar. Num destes exames preventivos, foi diagnosticada com um câncer no seio. “É um choque quando a gente recebe esta notícia, pois se começa a pensar em muitas coisas. É algo que não abala somente a pessoa que está com câncer, mas toda a família”, lembra Fátima.

Ela conta que teve que fazer um procedimento para a retirada do nódulo e iniciar os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. “Antes da cirurgia, é muito, muito importante o apoio da família, pois só a palavra câncer já é um peso, mas o apoio é importante. Depois da retirada, é aí que realmente começa o tratamento”, pondera. Fátima revela que foi direcionada para o setor de oncologia do Hospital Tacchini, um local repleto de pessoas que também a apoiaram. “Todas as que lá trabalham são anjos e se dedicam ao que fazem”, pontua.

Ela explica como foi o tratamento. “Parti inicialmente para a quimioterapia, que é um processo bem complicado. É uma medicação muito forte e ela debilita a pessoa. A primeira coisa que senti foram dores, cansaço, além da perda do cabelo que, para a mulher é uma parte difícil, principalmente para mim que tive cabelos muito longos. Terminada a quimio, precisei fazer o processo da rádio, que é mais tranquilo. Hoje, fazem dois anos que fiz esse processo e estou curada”, revela. Porém, com total apoio do marido, Gilnei Sartori, a caminhada foi menos árdua. “Ele é o meu parceiro em todos os momentos, sempre esteve ao meu lado, me ajudando, assim como toda a família”, esclarece.

O antes e depois

Fátima pontua que tudo tem os seus prós e contras. Com o câncer não é diferente. Para ela, o antes e depois foi transformador. “Depois de tudo que passei, que é um processo difícil, posso dizer que mudei a minha maneira de ver a vida. Mudei meu jeito de ser. Entendi que precisava olhar pra mim, me auto conhecer e ter mais atenção comigo mesma. Acho que todas as mulheres precisam ter este cuidado, esse olhar. E não é egoísmo”, analisa.

Ela pondera que mudou hábitos e começou a aproveitar todos os instantes de sua vida. “Muitas vezes não me alimentava direito, não tinha horário. Hoje, me policio bastante. Passei a valorizar muito mais as coisas simples da vida, por que ela é feita de momentos”, salienta.

A força da mulher

“Digo que hoje nada mais me abala ou me deixa para baixo, pois coloquei na minha cabeça que sou capaz de tudo”, afirma. E esse é um lema que Fátima leva para sua vida de agora em diante. “Se passei por um processo destes e estou aqui, posso ser quem eu quiser, posso sonhar e se me dedicar, posso fazer o que quiser na minha vida. Por isso, sou grata sempre, por tudo”, pondera.

Além disso, ela deixa uma orientação para todas as mulheres. “Se estou aqui é porque fiz um exame, de rotina, e nele descobri precocemente o câncer. Para as mulheres, independente da idade, você tem que se cuidar, ir ao ginecologista, fazer os exames de rotina, uma prevenção e tirar um tempinho para se cuidar. Se o câncer é detectado no início, com certeza terá 90% de chance de ser curado e não tem outra maneira, sem ser via prevenção”, conclui.