Com a chegada de um novo mês, dá-se início ao Outubro Rosa, campanha de conscientização que foca na importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), esse tipo da doença é o 2º mais incidente entre as mulheres, afetando principalmente as mais jovens.
O mastologista Maximiliano Cassilha Kneubil explica que para o diagnóstico precoce, as mulheres deveriam realizar o autoexame mensalmente no período pós-menstrual. “Já as que não menstruam, seja pelo uso contínuo de anticoncepcionais ou devido à menopausa, deveriam fixam um dia específico de cada mês para o autoexame das mamas”, aconselha.
O exame clínico também deve ser feito anualmente, na consulta anual que toda mulher após os 18 anos precisa fazer. O médico destaca que neste cenário, o papel do ginecologista é fundamental. “É a porta de entrada dessas pacientes com nódulos mamários palpáveis que, na maioria das vezes, apresentam benignos chamados de fibroadenomas. Mas caso apresente crescimento rápido, consistência endurecida, esteja associado a alterações cutâneas e linfonodos axilares aumentados, as pacientes devem ser melhor avaliadas por um mastologista”, explica.
De acordo com Kneubil, as mulheres que não têm história familiar de câncer de mama devem realizar a mamografia de rastreamento acima dos 40 anos de idade e que este é, atualmente, o melhor método para o diagnóstico precoce, reduzindo em até 35% a mortalidade. “Para pacientes com mamas densas ou no período pré-menopausa, a associação da ecografia junto à mamografia aumenta de modo significativo a acurácia do rastreamento para o câncer”, esclarece.
Para o médico, a hereditariedade, no caso de alguém da família ter passado pela doença, não é uma agravante, mas sim um alerta para rastreamento mamário diferenciado. “As pacientes que possuem história familiar de câncer de mama devem começar 10 anos antes do caso mais jovem, porém não antes dos 30 anos de idade. As mulheres com mutações genéticas conhecidas (as mais frequentes são as do gene BRCA1 e BRCA2) devem iniciar seu acompanhamento também aos 30 anos e deve-se associar a ressonância magnética das mamas aos exames de rastreamento”, recomenda.
O alerta para a frequência do exame, segundo o mastologista, deve-se ao fato de que o câncer de mama, no Brasil, tem o seu quadro agravado pelo fato do diagnóstico ser feito, na maioria das vezes, numa fase tardia da doença, em especial junto às classes com menor poder aquisitivo. “A detecção precoce de tumores pequenos não palpáveis, ou seja, com tamanho inferior a um centímetro, permite um tratamento menos mutilante e com maior qualidade de vida, determinando a cura da doença em cerca de 95% dos casos, muitas vezes sem a necessidade de quimioterapia”, aponta.
Além disso, Kneubil ressalta que para o rastreamento mamográfico se tornar uma realidade e possa reduzir a mortalidade pelo câncer de mama, as mulheres precisam ser conscientizadas sobre os benefícios da detecção e do tratamento precoce da doença, resultando em um maior número de vidas salvas e cirurgias menos agressivas.
Questionamentos mais comuns sobre a doença
Há muitos mitos em relação ao problema, de acordo com o médico. Ele salienta que própria palavra ‘câncer’ assusta muita gente. “Isso porque ainda existem muitas ideias erradas sobre a doença e, câncer de mama atualmente não é mais sinônimo de morte. Dessa forma, parece-nos que a própria palavra já traz em si alguns mitos que devem ser desmistificados. O câncer não é contagioso e o apoio da família e amigos é fundamental durante o processo de diagnóstico e tratamento”, ressalta.
Ademais, o mastologista evidencia que as pacientes se deparam com posicionamentos nas mídias sociais que disseminam de maneira irresponsável informações distorcidas sobre a detecção e diagnóstico. “Citação de absurdos como ‘uma biópsia leva a desenvolver câncer’ ou que ‘a radiação na mamografia é prejudicial’ foge à compreensão de qualquer médico com um mínimo de conhecimento na área oncológica. Dessa maneira, muitas mulheres que têm acesso a postagens e até vídeos fazendo tais afirmações podem considerar não realizar a mamografia”, enfatiza. Ele também reitera que isso pode representar a perda da chance de detectar o tumor de mama em uma fase inicial, na qual se pode oferecer a possibilidade de cura e tratamentos menos agressivos.