Localidade e bairros do entorno são atendidos pela Praça CEU, que possui oficinas e atividades diversas, neste momento suspensas em virtude da pandemia

Nos últimos anos, o bairro Ouro Verde, localizado na Zona Norte da cidade, cresceu e se desenvolveu. Aos poucos, a cultura e a arte foram sendo inseridas naquela localidade e difundidas para os outros bairros do entorno. Apesar de alguns problemas pontuais e o desejo de que algumas questões na lista de melhorias sejam efetivadas em médio e longo prazo, os moradores revelam que o lugar é bom para se viver. Espaços religiosos, comércio de diversos segmentos e indústrias podem ser encontrados no local.

No ano de 2018, foi inaugurada a denominada Praça CEU – antigo Centro de Lazer e Esportes Unificado-, que atualmente é chamado de Estação Cidadania. A proposta foi implementada na cidade, através de uma determinação do Governo Federal junto às administrações municipais. O intuito foi e é possibilitar a educação, cultura e esporte para os moradores do bairro e demais localidades próximas.

Se não fosse a pandemia, o espaço, que contempla biblioteca, sala de cinema, telecentro, quadra de esportes, entre outros ambientes, o Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) estaria recebendo mais de 240 alunos que participavam de oficinas nas mais diversas áreas. Entre as atividades do espaço estavam dança, ginástica para a terceira idade, artesanato em madeira, violão, canto coral, atividades esportivas entre outras.

Neste ano, seriam lançadas mais oficinas, e o número de alunos atendidos deveria chegar nos 350. Entretanto, as atividades, em virtude da pandemia, não têm previsão de reinício. O único serviço previsto para retornar é o de empréstimos de livros, que deverá ser retomado na segunda-feira, 14. Um ponto de destaque, de acordo com a coordenação da Praça CEU, é que as programações envolvem estudantes de todas as redes de educação: municipal, estadual e até mesmo privada.

Envolvimento da comunidade

Logo que foi inaugurada, a praça foi alvo de depredação, assim como as demais do país. Porém, a comunidade, aos poucos, começou a ter um pertencimento. Os equipamentos foram chegando, assim como a segurança e o material humano para trabalhar. A coordenação do espaço revela que conseguiram transformar o local em um ambiente em que todas as famílias se sentissem bem e seguras.

Na área educacional, a comunidade é atendida pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Ouro Verde. Os moradores afirmam que a educação é boa e que sempre são bem atendidos. A instituição de ensino foi fundada em 1990 na então recém criada Vila Ouro Verde.

Segurança e mais conscientização

O bairro é considerado bom para morar, de acordo com os residentes. Porém, algumas questões pontuais podem ser sanadas e resolvidas com a conscientização das pessoas, como é o caso do descarte irregular de lixo em um mato da proximidade do bairro, bem como o apelo por mais segurança e melhorias no saneamento básico.

A moradora Rudinéia Greter reside no local há pouco tempo. Optou por morar na localidade para ficar mais próxima da filha. “Morava em outro bairro da cidade, mas, para ficar mais perto da família, fizemos a mudança. Aqui tudo está mais perto e o lugar é melhor. Como faz pouco tempo que moro aqui, ainda não notei algo que precisa de melhoria”, revela.

Há, sim, os recém-chegados, porém, no bairro também encontram-se moradores que residem no local há algumas décadas. É o caso do casal Marisa e Pedro Foquezatto, na localidade há 27 anos. Ambos viram a comunidade crescer. Do pequeno loteamento e da pouca infraestrutura, à época, perceberam o Ouro Verde se desenvolver e ser um lugar cada vez mais habitado. “Quando chegamos aqui, as vias eram de chão batido e havia muito mato. Aos poucos, as coisas começaram a surgir. Temos o básico, como segurança, educação, um colégio pequeno. Porém, tudo pode ser melhorado”, avalia Marisa. Segundo ela, uma necessidade da localidade é uma livraria para, além de tudo, incentivar cada vez mais o hábito da leitura entre os moradores, além de uma nova creche para a região.

Dona Maria Bertazo foi morar no Ouro Verde em 1988. Apesar de ter saído para viver em outro município, quando voltou a Bento Gonçalves não pensou duas vezes: retornou ao local onde residia. “Para nós, está bom aqui, é bom para morar. Tem mercado, escola, posto de saúde. Somos bem atendidos quando precisamos”, pontua.

Melhorias

Um dos aspectos abordados pelos moradores é quanto à preservação da natureza. Entre o bairro Ouro Verde e o Loteamento Santa Fé, existe um mato que, segundo Marisa Foquezatto, é bom para praticar caminhadas. Porém, a falta de respeito e consideração dos moradores é destacada. “Tem muito lixo por lá. São móveis, restos de construção. De alguma forma isso nos atinge, pois também é nossa área de lazer. As equipes da prefeitura até recolhem os materiais, entretanto, no outro dia, já são descartados outros lixos de forma irregular”, pondera Pedro Foquezatto.

O comerciante Gilmar Zanin, acompanhado de sua filha Caroline Flores Zanin, revelam as suas preocupações. Recentemente, abriram um comércio na localidade, como forma de valorizar o local onde sempre viveram. “Tive a oportunidade de me adaptar aos diversos ambientes. Entretanto, um fator que muito nos aflige é a segurança, pois a gente se preocupa com as nossas coisas, com aquilo que demorou para conquistar”, revela Zanin.

Segundo ele, outra questão verificada é sobre a instituição família. “A sociedade precisa de um mundo melhor, temos que aprender a valorizar mais o ser humano e estar mais próximos da nossa família. Talvez, algo que falte muito nas pessoas, é um pouco mais de humildade”, reflete.

Valdemar Finatto está há 30 anos no bairro. Segundo ele, que já passou pelas cadeiras políticas, uma das principais ações que devem ser feitas é a melhoria no saneamento básico. “As outras preocupações não são tão intensas quanto esta. Aqui é um bom lugar para se viver, porém, um ponto primordial que deve ser verificado é a questão do esgoto, que é um problema não só daqui, mas de outros locais, e que traz mais qualidade de vida para a população”, pondera.