Formado em Educação Física e atuando há mais de 20 anos na área, o preparador físico fala sobre sua trajetória, em matéria especial do Semanário
Gian Pedro De Oliveira Vieira, natural de Guaporé, Rio Grande do Sul, se destaca como um dos preparadores físicos mais versáteis do cenário esportivo brasileiro. Com uma trajetória que teve início em Bento Gonçalves e se estendeu por diversos estados do Brasil, ele construiu uma carreira sólida, movida por sua paixão pelo esporte e pelo desejo constante de evolução.
Formado em Educação Física pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), também possui duas pós-graduações, uma em Treinamento Desportivo e outra em Fisiologia do Exercício. “Desde cedo, eu sabia que queria ir além, entender os detalhes que fazem a diferença no desempenho dos atletas”, comenta.
Primeiros passos no esporte
Foi em Bento Gonçalves que Oliveira deu seus primeiros passos práticos como preparador físico. “Minha carreira começou quando entrei no curso de Educação Física na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Já no primeiro semestre, comecei a trabalhar em uma academia, mas foi logo depois que recebi um convite para trabalhar em uma equipe amadora chamada 8 da Graciema”, relembra.
O clube amador, que treinava uma vez por semana, abriu portas importantes para Oliveira. Ele se viu responsável pela preparação física de atletas que, mesmo sem treinos intensivos, conquistaram resultados surpreendentes. “A equipe acabou sendo campeã e fui convidado para trabalhar no Esportivo, como preparador físico das categorias sub-17 e sub-20, além de auxiliar do time profissional”, explica.
Foi no Esportivo que ele teve a oportunidade de trabalhar ao lado do preparador físico da época, André Baratz, com quem teve grandes aprendizados. “O Baratz foi meu primeiro professor, ele me ensinou sobre os princípios da preparação física no futebol, os métodos e as técnicas que não se aprende na universidade. Esse período foi essencial para buscar mais conhecimento e me especializar”, revela.
O caminho até os clubes de renome
O início da carreira de Oliveira foi marcado por desafios que exigiram criatividade e resiliência. “Tínhamos pouca estrutura e competimos com grandes equipes do estado, foi um período de aprender a fazer muito com pouco”, relata. Essa fase foi crucial para que ele desenvolvesse habilidades que seriam fundamentais em sua trajetória. “Aprendi a buscar sempre mais informações, a me qualificar constantemente, e a adaptar meu trabalho às condições disponíveis, o que foi vital para minha evolução”, conta.
Após sete anos no Esportivo, onde alternava entre as categorias de base e a equipe principal, Gian recebeu uma proposta do Brasil de Farroupilha, onde trabalhou por dois anos e meio. “Esse foi um período de rodagem por clubes do interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Trabalhei em situações com pouca estrutura, mas isso só me motivou a continuar evoluindo”, afirma.
Marcos na carreira
Ao longo de sua carreira, Oliveira passou por diversos clubes, cada um contribuindo de maneira única para seu desenvolvimento. “Trabalhei no Brasil de Farroupilha, Atlético Tubarão, Internacional de Santa Maria, Rio Grandense, Grêmio Bagé, União Frederiquense, Cianorte, Guaratinguetá, Brasília, Campinense, Luverdense, Novorizontino, Santa Cruz, CRB, e no Juventude”, lista.
Dentre esses, o Juventude se destaca como um marco significativo em sua trajetória. “Conquistamos o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, depois de 13 anos. Quando fui contratado, a ideia era simplesmente evitar o rebaixamento, mas conseguimos superar todas as expectativas”, conta com orgulho. Para ele, o aprendizado mais valioso desse período foi a gestão de pessoas. “Aprendi a importância de saber gerir um grupo, algo fundamental em um meio cheio de vaidades, como o futebol. Adaptar-se às características de cada grupo é essencial para o sucesso”, ressalta.
Métodos de trabalho
A metodologia de trabalho de Oliveira evoluiu ao longo dos anos, acompanhando as mudanças no futebol. “Antigamente a preparação física seguia uma linha, que surgiu no leste europeu, tendo início com o atletismo e com modalidades individuais, e o futebol acabou pegando muito dessa metodologia mais tradicional. Com o tempo, as técnicas se adaptaram às necessidades específicas do esporte. Hoje, a maioria dos treinamentos físicos é integrada com o treinamento técnico, trabalhando acelerações, desacelerações, mudanças de direção, sempre em campo e com bola”, explica.
O preparador também destaca a importância do estudo contínuo para se manter atualizado com as novas tendências e tecnologias no esporte. “Tenho pós-graduações e diversas certificações, incluindo a Licença Pró da CBF. Mas o estudo nunca para. Sempre há algo novo surgindo, e é essencial estar atento para aplicar isso no dia a dia dos clubes”, enfatiza.
Desafios e metas para o futuro
Olhando para o futuro, Oliveira é cauteloso em suas expectativas, ciente das incertezas que cercam o futebol brasileiro. “O maior desafio é conseguir uma continuidade no trabalho. Muitas vezes, o tempo curto não permite que o trabalho técnico traga os resultados esperados. Por isso, meu objetivo é continuar evoluindo, me firmar cada vez mais no cenário nacional, e esperar por dias melhores”, conclui.
Saiba mais sobre o dia
O Dia do Profissional de Educação Física é celebrado em 1º de setembro no Brasil. Essa data homenageia todos os profissionais dedicados à promoção da saúde, bem-estar, e qualidade de vida por meio da atividade física. Ela foi escolhida em referência à regulamentação da profissão em 1998, quando a Lei nº 9.696 estabeleceu a obrigatoriedade do registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF) para o exercício da profissão.
Esses profissionais atuam em diversas áreas, como academias, escolas, clubes esportivos, clínicas de reabilitação, e muito mais. Eles são responsáveis por orientar e prescrever exercícios físicos adequados às necessidades e objetivos de cada pessoa, além de promover hábitos saudáveis, prevenir lesões, e contribuir para o desenvolvimento físico e mental.
O dia também serve para destacar a importância da educação física na formação integral do indivíduo, principalmente no ambiente escolar, onde ela desempenha um papel crucial na socialização, disciplina, e promoção de uma vida ativa desde a infância.