Delegado Renato Nobre, da 1ª DP, explica como outros delitos de menor potencial ofensivo beneficiam a comercialização de entorpecentes e a violência

Nesta semana, a 1ª Delegacia de Polícia Civil (DP) de Bento Gonçalves realizou três apreensões de entorpecentes, nos bairros Santa Helena, Progresso e Cidade Alta. O delegado da 1ª DP, Renato Nobre, explica que o delito de tráfico de drogas é o foco deles, pois é um crime que impulsiona muitos outros a acontecerem na cidade. Segundo ele, para atacar a comercialização dos ilícitos, as forças de segurança de Bento também precisam focar em pequenos delitos, que no futuro poderiam alimentar uma rede de tráfico, seja com dinheiro ou materiais.

Drogas fora de circulação

Nas recentes ações da Polícia Civil, cerca de 40 porções das mais variadas drogas foram removidas das ruas de Bento. A instituição conseguiu desarticular alguns comerciantes e pontos de distribuição dos ilícitos.

No primeiro incidente, nesta segunda-feira, 18, os agentes conseguiram abordar um veículo VW/Gol, no bairro Cidade Alta, com um casal de jovens, ambos com aproximadamente 20 anos. Tanto o homem quanto a mulher foram levados à delegacia por possuírem porções de maconha e cocaína.

Já na terça-feira, 19, durante a noite, os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão em um apartamento no Progresso. Lá eles localizaram 12 porções de maconha, 17 de LSD, uma porção de MDMA, além de equipamentos para embalar os entorpecentes. Outro casal, ambos também com aproximadamente 20 anos, foi encaminhado à delegacia.

Por fim, na quarta-feira, 20, um novo mandado no bairro Santa Helena ocasionou a prisão de um homem, de 31 anos, que comercializava maconha em seu estúdio de tatuagem na rua José Gava, e em formato tele entrega com sua moto.

No mundo do crime, um delito chama o outro

Revendo os índices criminais da cidade, Nobre destaca que o trabalho em cima das apreensões gera uma diminuição também na taxa de crimes violentos. De acordo com ele, no ano passado haviam duas fações criminosas em guerra, e algumas ações, até mesmo contra delitos menores, fizeram com que essa reação agressiva entre as duas diminuísse. “Quando a gente reprime pequenos furtos de fios e cabos, nós reprimimos os crimes de receptação, porque tem alguém recebendo esses itens. Normalmente, os receptadores fornecem dinheiro ou outros elementos aos traficantes”, explica.

Outro indicador que chama a atenção da 1ª DP, atualmente, são os furtos a veículos, que de acordo com o delegado, vem crescendo no município. Ele explica que criminosos estão buscando veículos mais antigos, sem sistema de segurança ou GPS. A partir das peças, é feita uma comercialização.

O roubo a pedestre é mais um dos crimes que as forças de segurança de Bento também retêm a atenção. Desde 26 de maio, houve 16 ocorrências, sendo que no acumulado dos últimos 12 meses, aconteceram 126 registros dessa natureza, conforme estatística da 1ªDP. Esse delito, assim como o furto, segundo delegado, fomenta a compra futura de droga por um dependente químico.

Outra menção de Nobre sobre os crimes que impulsionam o tráfico em Bento, ele cita a própria posse de entorpecente. “Se tem usuário, tem traficante, logo, tem pontos de tráfico. Sendo assim, terá alguém brigando por eles, e então, chegamos aos homicídios”, menciona.

Se tem usuário, tem traficante, logo, tem pontos de tráfico. Sendo assim, terá alguém brigando por eles, e então, chegamos aos homicídios

Renato Nobre
Delegado da Polícia Civil