Aos 50 anos, enfrentando menopausa, rugas e todas as intempéries hormonais que o tempo traz, muitas mulheres se veem em guerra com o próprio espelho — e com a balança. Mas a guerra mais cruel, hoje em dia, talvez seja com os olhos dos outros. Nesta semana, Rodaika, comunicadora conhecida do programa Pretinho Básico, da Atlântida, postou uma foto onde aparece magérrima. O que aconteceu em seguida? Um linchamento virtual. Críticas, comentários atravessados, especialmente de homens. O mais curioso é que, pouco tempo atrás, Preta Gil postou uma foto de biquíni e… adivinha? Foi atacada por estar acima do peso, com estrias, celulites e peles que se movem como peles humanas reais. O padrão, ao que parece, é que não existe padrão. Ou melhor: o padrão é que a mulher sempre está errada. Se está magra, é doente. Se está gorda, é desleixada. Se se mostra, é narcisista. Se se esconde, está deprimida.
Com Paola Oliveira, não foi diferente. A musa da TV brasileira, mesmo cheia de curvas, também sofreu aos ataques maldosos de quem almejasse isso às escondidas. Difícil admitir, fácil opinar sem ser convidado, pejorativamente.
É um ciclo sem fim e sem graça.
A pergunta que fica é: existe corpo certo? Existe forma ideal? E quem é que tem esse manual universal da aparência perfeita? O mesmo cara que comenta “vai comer um hambúrguer” pra magra e “vai fechar a boca” pra gorda? Deve ser.
E mais: alguém pediu opinião? Porque a internet deu voz a todo mundo, mas não criou o filtro da empatia. As pessoas saem distribuindo julgamentos como se fosse bonito dar opinião mal educada. O corpo da mulher virou domínio público, como se ao postar uma foto ela assinasse um contrato autorizando análise técnica e parecer jurídico sobre o seu IMC.
No final das contas, não importa se é a Rodaika, a Preta Gil, Paola Oliveira ou a vizinha do prédio. Toda mulher, em algum momento, vai esbarrar na patrulha do “como ela ousa?”. E isso diz muito mais sobre os patrulheiros do que sobre quem está sendo vigiada.
Talvez o verdadeiro corpo ideal seja aquele que consegue, com dignidade, suportar o peso da própria existência e o da opinião dos outros e, mesmo assim, ser feliz aceitando a aparência que se tem.
Quem achar que precisa mudar e conseguir, ótimo. Quem não acha bonito, não concorda e não quer, não posta, fique na sua. Nem sempre o mundo pede a nossa opinião.
Mas quem consegue, apesar de tudo, ainda ter amor próprio, não perca a chance e tire uma selfie sorrindo. Vá ser feliz! Ninguém no mundo é perfeito, nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e a mais bonita das criaturas, mas ainda assim você pode ser especial pra alguém. Não viva para impressionar os outros, seja essência. Você é linda(o), justamente por ser do jeito que é!