Eram cinco clubes em Bento Gonçalves: O Aliança, na Marechal Deodoro, reunia associados de maior poder aquisitivo; O Corinthias, ao lado da Praça Walter Galassi, mais popular; O CTG Laço Velho, numa travessa da Rua Saldanha Marinho; o Clube Esportivo, na Oswaldo Aranha e o Clube Serrano, em São Roque, congregava os militares do Primeiro Batalhão Ferroviário. Poucos e suficientes.
Haviam disputas e por vezes ciúmes e pauleira. Num jogo de futebol entre o Esportivo e o Serrano fechou o pau e os militares foram chamados para intervir: ninguém morreu. No carnaval cada clube queria fazer o melhor. As reuniões dançantes, nas tardes de domingo, enchiam a boate do Aliança, espaço que faltava no Corínthias, e compensava com o arrasta-pé nas domingueiras do CTG.
Com o surgimento do Clube Ipiranga, bem estruturado, os bailes e reuniões dançantes nas boates foram polarizados entre Aliança e Ipiranga e o Corinthias fechou.
Piscina, só uma, no mesmo local onde está a do Clube Aliança, inaugurada pelos “aqua-loucos” e tristemente lembrada pelo acidente fatal que vitimou o Beto Mônaco, filho do Dr. Mário.
Haviam bailes e muitas reuniões dançantes em residências mas os jantares e almoços eram mais frequentes nas festas da Santo Antonio, com a sopa de capeleti da Dona Pina e os leilões do Cleimar Gazoni.
A cidade cresceu, a sociedade mudou seus hábitos, novos clubes, muitas piscinas, sedes campestres, inúmeros CTGs, igrejas e capelas com seus salões de festas, tudo mantido por uma população participativa.
É comum famílias pagarem mensalidade para mais de um clube social sem frequentar as sedes e pouco participar de eventos. Os abnegados dirigentes que mantém vivos estes clubes fazem o possível para atrair os sócios e por vezes se frustram.
São muitas as opções de lazer, é maior a facilidade para viagens nos finais de semana, as residências são mais equipadas para receber familiares e amigos e também é maior controle sobre os gastos supérfluos, tudo contribuindo para o afastamento dos clubes.
Até nos jogos do glorioso Clube Esportivo a frequência dos torcedores é menor. Um espaço roubado pela televisão e pela globalização que induz crianças ao uso de camisas de times europeus superando os maiores clubes estaduais. Puro modismo.
As reuniões dançantes acabaram, os bailes acontecem mais nos CTGs, que preservam a tradição da dança, o açougue vende mais carne para churrascos com amigos e em família. Os salões dos clubes se tornaram locais para festas de casamento.
O crescimento vertical das residência deu vantagem aos clubes com sede campestre que proporcionam uma escapada para os moradores de apartamentos. Em contra partida os edifícios estão disponibilizando melhores área de lazer para os moradores.
Bento cresceu, modernizou-se e o convívio social também mudou.
São os novos tempos!
Importante é pensarmos que as melhores cidades são aquelas que premiam seus habitantes com a humanização de seus lugares de convívio. Vive-se bem em cidades planejadas para o social. Bento pode!