Com apenas quatro anos no esporte, atleta bento-gonçalvense supera desafios e se prepara para representar o Brasil no cenário internacional

Orlando Baú, ciclista de estrada de Bento Gonçalves, alcançou um marco significativo em sua carreira ao conquistar uma vaga para o Campeonato Mundial de Gran Fondo UCI 2025, que será realizado na Austrália. Em entrevista, Baú compartilhou sua trajetória, desafios enfrentados e a preparação para competir entre os melhores do mundo.

Baú começou no ciclismo em 2020, durante a pandemia, sem pretensão de competir. “Comprei uma bicicleta para treinar triathlon e perder peso. Acabei entrando para a equipe ABC Concresul e, no primeiro treino, percebi que o desafio era maior do que esperava. Mas decidi levar a sério e me dedicar ao esporte”, conta. Essa determinação o levou a conquistar títulos expressivos em competições estaduais e agora a sonhada qualificação para o Mundial.

Baú descreve a adrenalina do ciclismo como um dos grandes atrativos da modalidade: “A velocidade, as curvas, a tensão redobrada. É algo que me lembra a emoção das motos esportivas”, conta. Ele já atingiu velocidades impressionantes, como os 108 km/h durante uma descida no Gran Fondo New York, realizado em Bento Gonçalves.

A qualificação para o Mundial veio após sua participação em Pomerode, Santa Catarina. Apesar de não vencer, o desempenho foi suficiente para garantir a vaga. O evento acontecerá em outubro de 2025, e o desafio vai além das provas. “O maior obstáculo agora é financeiro. Os custos com passagens, hospedagem, inscrição e transporte da bicicleta são altos, chegando a R$ 11 mil só a passagem aérea. Quando a gente se classifica, não ganhamos a inscrição, não ganha o hotel, não ganha a viagem e nenhum transporte da bike. São custos elevados, tem os translados, tem o hotel e tem a inscrição no evento que é obrigatório a ter, e o transporte para o equipamento”, pondera.

Baú enfatiza a importância de manter um alto nível de preparo físico. “No início do ano, começo uma base forte para o Campeonato Brasileiro, que será em agosto. A partir daí, ajusto o treinamento para manter o pico de performance até o Mundial, com treinos específicos para provas de longa duração e sprints finais”, diz.

Representar Bento Gonçalves e o Brasil em um evento internacional é motivo de orgulho para ele. “Levar o nome da minha cidade para a Austrália é uma realização. No ciclismo, nem sempre a gente vence, mas a experiência é valiosa. Essa conquista é fruto de muita dedicação”, conta.
Mesmo com pouco tempo no esporte, ele demonstra humildade e realismo em relação aos adversários. “Espero enfrentar atletas de altíssimo nível, incluindo campeões das categorias Elite. Meu objetivo é dar o melhor de mim, sabendo que o ciclismo gaúcho tem tradição forte no Brasil”, diz.

Para aqueles que estão começando, Baú deixa um recado motivador: “O ciclismo é ingrato. Um dia você está bem, no outro não, mesmo sem mudar nada. É um esporte de resistência, onde vence quem suporta a dor. Não desista. Cada treino é um passo rumo à evolução”, conclui.

Ao longo de sua jornada, Baú teve a oportunidade de competir ao lado de nomes como Márcio May, ex-campeão brasileiro, e se inspira em atletas como Tadej Pogaar e Filippo Ganna, grandes ícones do ciclismo mundial.