Mais um ano
Dizem que na política, criticar o trabalho é fácil, difícil é fazer. Pessoalmente eu acho que, principalmente em Bento Gonçalves, criticar políticos e ações requer coragem e a certeza de que haverá retaliação em algum momento. Mas a crítica é parte do sistema democrático, e nós, como sociedade, precisamos exercer este direito, assim como a administração deve dar atenção às demandas e reclamações da população, independente de crenças, ideologias ou proximidade. Lembro disto por que o governo atual fecha, em 2020, seu sexto ano com a mancha de não auxiliar estudantes universitários com transportes para ir e vir das instituições. O real motivo é um pouco enevoado, uma vez que no início do mandato, o prefeito sentou-se à mesa com entidades representantes dos alunos e estendeu a mão, mesmo que com pouco recurso, à causa. Nos anos posteriores, os estudantes pouco foram ouvidos pela administração que, do outro lado, desprendia significativas quantias de patrocínio a feiras, eventos e promoções, direto do caixa da prefeitura. Enquanto cidades da região dão exemplo, custeando até 100% do valor de transporte – da mesma forma que também entregam pacotes de obras e apresentam salubridade nas finanças -, por aqui, a situação quanto ao aporte aos estudantes ainda é bem diferente. Como é ano eleitoral, possivelmente os estudantes vão ficar por conta própria. Quem sabe a próxima administração dê a este tópico um pouco mais de atenção.
Perigo Acima
Quem passa pelas ruas de Bento Gonçalves dificilmente olha para cima e percebe o perigo sobre suas cabeças. As marquises muitas vezes servem como abrigo para pedestres em dias de chuva e sol, mas é preciso redobrar a atenção ao passar por alguns locais. Desde 2013, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB) emitiu mais de 1,6 mil notificações, em caráter de prevenção de acidentes e sinistros, aos proprietários e administradores de edificações que possuem sacadas, cercas de arames farpados e outros que se projetem sobre o passeio público e possam oferecer riscos aos transeuntes. Entretanto, basta uma rápida passada em bairros mais antigos da cidade para entender que, sobre a prevenção, pouco foi feito. Em alguns pontos do Centro, a corrosão é tanta que a armação de ferro das marquises já está exposta. Em outros, claramente a infiltração de água enfraquece, dia após dia, as estruturas, transformando a via pública em uma área de risco. A fiscalização deve ser feita por parte da prefeitura, mas você também pode auxiliar, apontando locais sem manutenção ou olhando para o seu próprio prédio para analisar se está tudo em ordem.
Impeachment não pode ser ferramenta de oposição
Quem acompanha política já reparou que, hoje em dia, poucos prefeitos de cidades com porte médio ou grande não foram “acariciados” com processos de impeachment. A ferramenta que destituiu dois presidentes também assombra governanças municipais, tendo sucesso em alguns casos, como o do Prefeito Daniel Guerra, em Caxias do Sul. Além dele, Nelson Marchezan e o próprio prefeito de Bento Gonçalves já tiveram que contar com a parceria do Legislativo para afastar denúncias contra seus mandatos. O novo alvo é o administrador de Farroupilha, Claiton Gonçalves, que encara uma denúncia quanto ao uso de recursos da máquina pública. O principal problema na banalização dos processos de impeachment na atualidade é o fato de serem aprovados pelo fato de os prefeitos ou governadores não terem a maioria, e não, necessariamente, pela validade da denúncia. É necessário diferenciar crime comum de crime de responsabilidade. Os legisladores precisam encontrar outras formas de fazer oposição. Se o impeachment virar uma espécie de remissão dos pecados de escolhas infelizes, o aprendizado tenderá a ser mais longo, ou a não se realizar. O voto de muitos se tornará irresponsável.
Gasolina pela metade do preço
O presidente Bolsonaro, irritado com a cobrança de governadores para a redução dos impostos federais sobre o combustível, resolveu jogar areia no ventilador e disse que, se os Estados retirarem a taxação de ICMS sobre o produto, na mesma hora retiraria os impostos federais. Apenas para análise, se levarmos em conta que, no Rio Grande do Sul, o ICMS é responsável por 29% do preço final cobrado nas bombas, somando assim outros 15% referentes ao CIDE, PIS/PASEP e COFINS (parte federal), o preço da gasolina em Bento Gonçalves, por exemplo, cairia dos atuais R$ 4,69 para R$ 2,58. É lógico que esta medida teria resultados caóticos no mercado nacional e internacional, além de não passar de apenas mais um dos diversos devaneios do presidente em exercício, mas mesmo assim vale a reflexão para o consumidor entender o quanto do seu bolso está indo para os cofres públicos. Quem sabe, um dia.
A base é sempre quem sofre (Parte 2)
Na última coluna, em tópico homônimo, questionei os entraves entre a CCS, seus funcionários e o Governo Municipal. Durante a semana a informação foi atualizada, e a Administração Pública informou que – além de fechar 2019 com superávit de R$ 49 milhões -, de sua parte, não existem entraves e os pagamentos foram todos realizados em tempo. O imbróglio, então, fica inteiramente sob responsabilidade da contratada terceirizada.