Vindima cada vez maior, já os produtos
Há alguns anos o Semanário aborda as dificuldades do homem do campo, principalmente os que estão voltados à vinicultura, uma das maiores e mais atrativas áreas para nossa região. Se por um lado, basta falar em época de Vindima para os olhos de milhares de turistas e empresários brilharem, por outro, o período da safra não tem sido tão generoso com quem dedica a maior parte do ano para o cultivo das frutas. Com preços de venda a cada ano menos atrativos, além de constantes dificuldades para financiamentos e a barreira do êxodo rural, a maior parte dos agricultores da Serra Gaúcha já pensa na migração para outras cultivares, a exemplo de Pinto Bandeira, que com sua safra de pêssegos de vento em poupa, gera empregos, renda e perspectiva de futuro para as famílias do jovem município. O fato é que, além das exigências para a qualidade de entrega da uva estarem maiores do que nunca, às vezes o valor recebido sequer cobre os gastos com o plantio. Há anos a conta não fecha, e sem dúvida, se depender apenas dos produtores, em um futuro muito próximo, nosso principal ponto turístico poderá mudar de nome para Vale dos Citros, ou algo nessa linha.
Crescimento Consciente
Vocês já repararam na quantidade de casas e edifícios novos que são construídos todos os meses em Bento Gonçalves? E, da mesma forma, já repararam nas obras de infraestrutura nas redondezas destes lugares? Em alguns pontos mais massivos, como o bairro São Francisco, o Borgo ou mesmo o Humaitá, esta conta simplesmente não fecha. Ruas e avenidas mantém a mesma capacidade de fluxo, os esgotos são desviados pelos mesmos velhos tubos dos anos 60, escolas e UBS começam a ficar completamente saturadas e a qualidade de vida toma o rumo ao sul no gráfico de satisfação com a cidade. O Plano Diretor, aprovado no ano passado, foi bem permissivo quanto a construções e expansão urbana. Entretanto, todo o abuso gera resultado, e, sem dúvida, a cidade cobrará o preço por esta pontual expansão desenfreada muito em breve.
Pouco a pouco, o caos reconquista o Centro
Há cerca de duas semanas, por intermédio do presidente do Legislativo, Rafael Pasqualotto (Progressistas), o centro voltou a ver e ouvir os caminhões de carga e descarga do comércio, proibidos de transitar pela área por lei, desde 2015. É compreensível o intuito de facilitar um pouco a vida dos lojistas, mas também é preciso lembrar que esta lei evitava que estes gigantes trancassem as ruas e afetassem significativamente o trânsito. Por mais que existam áreas de carga e descarga, muitos insistem em parar de frente aos estabelecimentos, gerando caos e desordem a um fluxo que por natureza já é complexo e bagunçado. No mesmo período – e talvez pelo mesmo motivo – a prefeitura retirou dezenas de estacionamentos rotativos da área azul na rua Barão do Rio Branco. É difícil entender se o Executivo analisa a fundo as nuances antes de realizar as alterações, mas, para mim, fica claro que a cada “dedo” que colocam, um novo problema surge.
Vereadores encampam redução de cadeiras no Legislativo
Leia com atenção, pois este é um tópico que possivelmente não voltará à pauta no Poder Legislativo tão cedo. Boa parte dos vereadores de Bento Gonçalves resolveram encampar, a menos de um ano das próximas eleições, uma campanha para reduzir o número de cadeiras na Casa do Povo para a próxima legislatura. A justificativa para a proposta, a menos na parte superficial, é a redução nos custos – cerca de 500 mil por ano. Na última sessão, novos parlamentares demonstraram apoio, chegando muito próximo ao que necessitam para passar a matéria pelo plenário. Agora, sejamos sinceros. A comunidade sabe que a economia não é o intuito dos vereadores, e ter o nome em um projeto desses pode muito bem alavancar uma candidatura – ou várias, dependendo do partido. Na minha opinião, deveriam fazer, sim. Pode-se contar nos dedos os parlamentares combativos desta legislatura, que realmente fazem algo para merecer o salário no fim do mês, independentemente de serem de oposição ou situação. Por mais que eu duvide da natureza altruísta do proposto, parabenizo os vereadores que, querendo a reeleição, ou não, terão a coragem de colocar mais um obstáculo no caminho daqueles que aparecem a cada 4 anos oferecendo ajudinhas a times de futebol ou apertando a mão de todos em festas no interior, mas quando eleitos, sequer ouve-se sua voz pelos corredores do Legislativo.