PPP do Saneamento
“Não conseguimos solucionar, tentem vocês”. Essa é basicamente a essência da justificativa da Corsan ao propor uma possível Parceria-Público Privada para elevar os índices do saneamento básico no município. “PPP” foi a sigla central durante os últimos sete anos do Governo Municipal – embora nenhuma de peso tenha saído do papel até agora -, por isso o argumento centralizou a justificativa para a aprovação do 5º termo aditivo do contrato com a estatal, votado às pressas na Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito nos últimos dias de 2019. A instauração de uma parceria desta origem daria aval ao não cumprimento interino do contrato firmado há anos pela prefeitura com a Corsan, onde a estatal se comprometia a entregar o saneamento municipal como parte imposta pelo acordo. Além disso, a parceria dá a possibilidade de empresas lucrarem em cima do serviço, o que por estas terras é sempre o fator mais relevante em qualquer situação. Não sei quanto a vocês, mas, para mim, essa é uma saída muito fácil e vantajosa para uma quebra de contrato por não cumprimento de cláusulas. Quando o Governo oferece ferramentas para o assistencialismo dos carentes muitos criticam, mas quando a comunidade precisa assistir o Governo, ninguém fala nada?
Verum Hominem
Eu sei, usar conceitos em latim na nossa cultura só é permitido ao padre, durante as missas de domingo e em breves momentos. Entretanto, a frase “verum hominem”, que em tradução livre quer dizer “a verdade no homem” e apresenta este tópico, foi utilizada em diversos casos na história para ressaltar a discrepância de algumas atitudes do ser humano diante do cenário que o rodeia. Estamos passando por um dos momentos mais sensíveis de estiagem dos últimos anos no estado. A agricultura teme por perdas ainda mais significativas nas safras, cidades monitoram frequentemente o nível de seus reservatórios e a Corsan emite alertas há algum tempo para tentar minimizar o impacto da seca. Contudo, mesmo assim, a “dona Maria” opta por lavar a calçada por 20 ou 30 minutos com a mangueira com força plena, da mesma forma que o “seu Aristeu” entende que o seu carro não pode ficar mais uma semana sem receber o banho de beleza. Nós, como cidadãos plenos, temos o direito de utilizar serviços e recursos contratados como bem entendermos, mas também teremos que arcar com as consequências da falta de pensamento coletivo logo à frente. A verdade está no homem, e como disse o pensador alemão Nietzsche, “quando se toma a resolução de tapar os ouvidos mesmo aos mais válidos argumentos contrários, dá-se indícios de caráter forte. Embora isso também signifique eventualmente a vontade levada até a estupidez”.
Coaching de pedinte
Não é possível, alguém está transmitindo novos técnicas de abordagens aos pedintes de Bento Gonçalves, principalmente os que transitam pela área da rodoviária. Antigamente, o velho bordão “ei, patrão, tem uma moedinha para me ajudar” era só o que se ouvia por entre o som da chegada e partida dos ônibus. Atualmente, se prestares atenção, verás que eles apresentam variações de quatro ou cinco histórias diferentes a cada investida, com técnicas de negociação e valorização do “produto final” que colocariam boa parte dos vendedores tradicionais da cidade em maus lençóis. Aprenderam a conquistar com carisma, simpatia e insistência seu dinheirinho do leite diário, onde o “não” de uma pessoa motiva ainda mais para conseguir o “sim” de outra, bem como ensina o jargão de mercado. Bento é tão inovadora que até os nossos pedintes já estão na versão 2.0. O chato nessa história é que a prática, por mais bem intencionada que seja, em grande parte dos casos sustenta vícios e fomenta o mercado da traficância, uma vez que os valores adquiridos raramente são investidos em comida ou na manutenção da vida. Mas por outro lado, acompanhar e rir das “negociações” ajuda o tempo a passar enquanto o transporte não chega.
Novo capítulo em uma velha novela?
Quando é que o prefeito vai cumprir o anunciado em entrevistas e dar a primeira marretada na carcaça do que um dia foi o Presídio Estadual de Bento Gonçalves? A ideia original era dar o espaço para uma Central de Polícia no local, com o tamanho e a infraestrutura que a atividade policial necessita, mas nos últimos três meses nenhuma movimentação foi ventilada neste sentido. Será que a reocupação do terreno será mais um marco burocrático na história da Capital do Vinho e precisaremos esperar outros 20 anos para ver algo sendo entregue à comunidade?
Substituto à altura
A partida precoce do vereador Élvio de Lima deixou um buraco no MDB municipal. Figura importante no panorama eleitoral, o parlamentar tinha o apoio e confiança de boa parte da base do setor metalomecânico de Bento, o que não será facilmente substituído. Poucos se comparam ao peso que o nome de Élvio tinha no meio sindical, motivo pelo qual o diretório da cidade precisará pensar rápido para não dispersar o reduto eleitoral e perder cadeiras nas próximas eleições.