Bom pagador, até que se prove o contrário
Uma parte das lojas da cidade, mais especificamente as de eletroeletrônicos e da linha branca, mantém uma prática antiga e completamente vexaminosa ao consumidor: a ligação para pedir referência de crédito para outras lojas. Em pequenos espaços, na maioria das vezes com dezenas de outras pessoas esperando para serem atendidas, fazem contato com três outros estabelecimentos por meio telefônico para decidir se és um bom pagador, ou não. E por mais estranha que essa abordagem seja, costuma resultar em sucesso ao cedente do crédito, que em poucos minutos sentencia se poderá, ou não, comprar no crediário em seu estabelecimento. E por mais que o comércio precise se proteger contra maus pagadores, uma vez que a cidade acumula um déficit de aproximadamente R$ 8 milhões de inadimplência, recuso-me a acreditar que esta ainda é a melhor opção para verificação. Ferramentas como o SPC/Serasa, ou mesmo a consulta por meio do CDL-BG poderiam resultar na mesma garantia, somada a fidelização do cliente, uma vez que o cidadão não precisa passar pelo vexame de ter seu nome analisado por diversos canais na frente de outras pessoas. Isso sem levar em consideração que o resultado das ligações pode ser negativo. Aí é ainda pior.
Prevenir? Não, remediar!
Por que o Governo Estadual mantém essa linha de pensamento em que “enquanto não der problema, tudo bem, mas sabemos que vai dar, aí a gente resolve”? Tomemos como exemplo o caso da Penitenciária de Bento Gonçalves, em funcionamento há alguns meses. Todos sabiam que, por melhor que fosse o sistema de revista, assim como a segurança nas áreas externas, eventualmente os apenados e suas “mulas” dariam um jeito de entrar com drogas e outros ilícitos no presídio. Eles sempre conseguem. Resultado, nesta semana, celulares, drogas e outros objetos foram encontrados na primeira intervenção do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes) na cidade. Aí, diante da “porcalhada” já feita, resolvem anunciar a instalação de bloqueadores de celular, um sistema que impede a realização e recebimento de ligações, tal qual o uso dos chips para acessar a internet dentro da área afetada. Um investimento que, diante da magnitude do construído, é praticamente irrisório. Pra que prevenir quando se pode remediar, não é mesmo?
Grande potencial inexplorado
Bento Gonçalves fez bonito no Natal 2019. Milhares de pessoas passaram pelo centro e bairros adjacentes durante dezembro para contemplar a decoração, que custou aproximadamente meio milhão de reais, pagos pela prefeitura e iniciativa privada. Querem fazer frente a Gramado e Canela neste segmento, tarefa difícil, mas que pode ser conquistada no decorrer dos anos. Entretanto, após o dia 25, boa parte dos turistas permaneceram na cidade, uma vez que o período já marca o início da Vindima e os atrativos que isto traz. Contudo, poucos se viu no que poderia ser aproveitados como uma festa da virada. Municípios vizinhos, como Garibaldi, utilizaram o gancho para enaltecer o enoturismo, com a “Virada Borbulhante” ou mesmo a capital, com a virada na Orla do Guaíba. Aqui, poucos fogos foram disparados nos hotéis tradicionais e, uma hora após, já reinava o silêncio na cidade. Existe um grande mercado que poderia ser aproveitado pelo poder público, tal qual pela iniciativa privada, fazendo Bento ser referência também nas festas de passagem de ano. Basta usar a criatividade.
Bento, Capital da sucata na rua?
Faça o teste, é impossível cruzar três bairros da cidade sem deparar-se com pelo menos um “corpo” do que foi um carro outrora jogado em uma vaga na rua. São dezenas de automóveis abandonados, com pneus vazios, ferrugem na lataria e um potencial enorme para encubação de larvas de mosquito, como o aedes aegypti, que está em plena época de “despertar”. Além disso, o aspecto que estas carcaças deixam a quem vê é de desleixo por parte da comunidade, tal qual do Poder Público, que na maioria dos casos notifica o proprietário para a remoção, mas dá um prazo gigantesco para tal. Seguindo essa tendência de descarte por comodidade, logo teremos mais carros espalhados pelos bairros do que recolhidos em locais próprios, como ferros-velhos e comércios de sucatas.
Segimu, o São Francisco precisa de ajuda
Morar no bairro São Francisco, em Bento Gonçalves, é ter a certeza de que, ao menos uma vez a cada 15 dias, tu vais ouvir o som de um frenagem brusca, seguido de um estrondo. Com cruzamentos extremamente movimentados e com pouca visualização, o bairro coleciona acidentes de trânsito, muitos até graves, como há um mês, quando um homem foi jogado para fora de um carro devido à violência da pancada. Está mais do que óbvio que é necessária alguma forma de controle de trânsito entre os cruzamentos das ruas José Farina, Assis Brasil, Júlio de Castilhos e General Vitorino com a Marquês de Souza. Semáforos nem sempre são bem quistos pela comunidade, mas no caso desse bairro, tenho certeza que pouquíssimas pessoas criticariam.