A velha Bento Gonçalves

Certamente, a maioria dos atuais moradores do município de Bento Gonçalves, agora reduzido a um arremedo do que era territorialmente, nem imagina a força política que tínhamos. A força política de dois deputados federais, dois deputados estaduais e, com frequência, a titularidade de secretarias de Estado e direções de importantes órgãos estatais e empresas públicas, deixa muitas saudades aos seus moradores mais antigos. Atualmente, Bento Gonçalves, depois de várias décadas elegendo deputados estaduais de outros municípios, conseguiu ver um de seus políticos assumir a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Seria a retomada da força política de Bento?

Qual força?

Confesso que pensei, mesmo, que, finalmente, reconquistaríamos pelo menos 1% da nossa representatividade perante o governo do Estado. Ledo engano meu! Continuamos a ser um “importante município, com larga expressividade econômica”, mas, cadê nossa representatividade política? O deputado Pasin está fazendo mais do que pode ou deveria, não só para Bento Gonçalves, mas para TODOS os municípios junto aos quais conquistou os votos que o elegeram. Bento Gonçalves, que cedeu, sem nenhuma resistência de seus políticos e população, grande parte de sua área territorial, segue assistindo as ações de seus municípios vizinhos – os que “conquistaram” área – crescendo em todos os sentidos. Que força nos restou?

Belos exemplos

Temos assistido, ao longo do tempo, municípios erguendo acessos ótimos. Bento Gonçalves continua com TODOS os seus acessos com alto índice de comprometimento sob qualquer ângulo que se observe, principalmente no tocante à segurança de quem deles precisa. O acesso da Pipa Pórtico é, no meu entender, a maior vergonha que temos; o acesso norte, que recentemente recebeu um investimento babilônico, pode ser tudo, menos exemplo de obra pública a ser imitada; logo abaixo do posto da PRF, temos uma rótula que é um convite a acidentes; seguindo-se um pouco pela BR-470, temos uma armadilha infalível para acidentes graves (quantos já ocorreram ali?). Enfim, basta escolher em qual acesso temos o maior descaso das “autoridades competentes”.

Ah! Se fosse lá!

Pois é, muitos já comentaram comigo dizendo que “se fosse em São Paulo já existiriam uns QUATRO VIADUTOS nos acessos da cidade”. E dá para duvidar disso? Se observarmos Garibaldi e Carlos Barbosa veremos que seus acessos são infinitamente melhores e menos perigosos do que os de Bento. Por que será, hein? Pelo seu “poderio econômico” maior do que Bento? Ou será que sua “FORÇA POLÍTICA” é maior, mais representativa? Quem visitou Estados do nordeste deve ter percebido o quanto a força política dos seus municípios é notada. Claro, desviam verbas públicas em obras? ONDE não desviam? E podem incluir nesse “onde” a iniciativa privada. Ah! Se estivéssemos em São Paulo ou no nordeste brasileiro!

E poderia ter sido resolvido

Sim, durante o governo de Olívio Dutra houve uma tentativa de amenizar o problema do acesso da Pipa Pórtico. O então Secretário dos Transportes Beto Albuquerque esteve em Bento Gonçalves para, junto com a prefeitura, buscar uma solução, com a imprensa presente. Eu estava lá, ninguém me contou o que aconteceu. Pois bem, a imprensa e o Secretário Beto ficaram esperando a presença do então prefeito para iniciar a reunião. Pois o prefeito sequer apareceu na porta para cumprimentar o Secretário e a imprensa. A reunião, no salão, aconteceu.

Mas, saiu o paliativo possível

Depois, “extremamente satisfeito” (quem não ficaria satisfeito pela “calorosa recepção”, né?), o governo do Estado do RS, procedeu as intervenções que julgou possíveis ali, no acesso da Pipa Pórtico. E continua o mesmo até hoje, obviamente BEM MELHOR do que o que existia ali. A “força política” preferiu partidarizar a coisa toda, lamentavelmente. E o governo Dutra foi de 1999 a 2004. Vinte anos depois, ABSOLUTAMENTE NADA FOI FEITO no acesso da Pipa Pórtico. Até o “pardal” que existia foi retirado, causando ainda mais perigo ali. Mas, a alguns metros do posto da PRF instalaram uma lombada eletrônica, no meu ver, com a precípua missão de MULTAR. Já não é mais do que hora de ALGUÉM tomar atitudes a respeito dos acessos de Bento Gonçalves? Estamos em período eleitoral, lembre-se disso.

Viaduto em Farroupilha

E não é que em Farroupilha um viaduto, na rotula de Nossa Senhora de Caravaggio, será construído, deslocando-se a imagem para outro local, visando a duplicação da RS-453 (“casualmente” já duplicada ali)? A “força política” de Farroupilha está escancarando a nossa, não é mesmo?

Últimas

Primeira: Há muitos anos solicitei informações para a prefeitura municipal sobre o montante arrecadado com a taxa de iluminação pública (que, eufemisticamente, resolveram chamar de “contribuição”, adivinhem por quê?), bem como o valor pago a esse título. Mesmo com a Lei de Acesso à Informação, jamais obtive resposta. Claro que julguei ridículo ter que apelar ao judiciário para obter a informação;

Segunda: Em uma ocasião, me disseram que era para acessar o site da prefeitura e buscar nele. Obviamente, não consegui, pois, para tanto, não basta ser um “cidadão comum”, é preciso conhecimentos que não tenho, como milhões de brasileiros;

Terceira: Mas, não desisti, claro. Tentarei mais vezes. Vai que, numa dessas, a Lei seja cumprida, eu obtenha a informação e possa repassá-la para a população, que tem o direito de saber, não?

Quarta: Seguem os conflitos diários no trânsito na frente da Igreja de Santo Antônio, Mercado Apolo, Shopping Bento e torres residencial e comercial. O cara que inventou aquilo ali deveria receber o “troféu imprensa”, no quesito “pra que simplificar se dá para complicar”. Vá até ali. Fique por alguns minutos. É risível o que se vê, acredite;

Quinta: Quando será que criarão uma campanha para explicar coisinhas básicas para os pedestres habituais e eventuais? Seria necessário avisar de que UM CARRO tem mais dificuldades para PARAR do que um pedestre?

Sexta: É imperioso “informar” aos pedestres que veículos PRECISAM acessar suas garagens ou estacionamentos PELAS CALÇADAS, sendo essas a “faixa de segurança” para veículos?

Sétima: Talvez seja necessário perguntar aos pedestres “por que veículos têm que respeitar as faixas de pedestres” se esses sequer respeitam os semáforos para pedestres? Ou uma campanha poderia, talvez, conscientizar a TODOS, motoristas e pedestres, que o respeito mútuo é parte vital do trânsito?

Oitava: Desde ontem, convivemos com a “festa da democracia”, ou seja, o horário político em emissoras de rádio e televisão. Atente para as promessas. Depois da eleição, o Brasil viverá o Eden Terrestre.