O impostômetro e o sonegômetro
Já comentei sobre isso, mas sempre é bom relembrar as pessoas. O Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional – SINPROFAZ – instalou, em Brasília, um equipamento que foi denominado de “SONEGÔMETRO”. O objetivo é fazer o contraponto do “IMPOSTÔMETRO”, colocado em São Paulo por empresários. O Impostômetro mede a arrecadação tributária brasileira, dos governos federal, estaduais e municipais e, com isso, querem chamar a atenção da “alta carga tributária que o povo brasileiro paga”. Com o Sonegômetro, os procuradores da Fazenda Nacional querem mostrar “o quanto dos impostos que deveriam ser arrecadados são sonegados”, ou seja, mostrar ao povo brasileiro “quanto é o imposto que é pago, mas que, ao invés de ser RECOLHIDO por quem o arrecada – o empresariado – é desviado para o bolso dos fora-da-lei (ou contas em paraísos fiscais em outros países)”.

Montanhas de dinheiro
Pois o “impostômetro”, às 20h25m desta sexta-feira, registrava o valor de 979 BILHÕES DE REAIS, sob o título de “Brasil: Isto é quanto o povo brasileiro já pagou de impostos de 01.01.14 a 07.08.14”. Para conferir o valor é só acessar o site: www.impostômetro.com.br . Sem dúvidas é uma “montanha de dinheiro” que vai para os cofres municipais, estaduais e federal. Já o “sonegômetro”, que pode ser acessado pelo site: www.quantocustaobrasil.com.br , registrava, também na sexta-feira, no mesmo horário, fantásticos 301 BILHÕES DE REAIS de impostos PAGOS PELO POVO BRASILEIRO, mas NÃO RECOLHIDO aos cofres públicos, ou seja, praticamente UM TERÇO DOS IMPOSTOS QUE PAGAMOS não chegam ao seu destino. Montanhas de dinheiro, sem dúvidas, que não chegará ao povo na forma de saúde, educação, segurança pública, etc, porque estão abastecendo contas fantasmas.

“Bolsa o quê”, mesmo?
Ninguém é imbecil o suficiente para ver que a carga tributária do Brasil (que era de 29% do PIB em 1995; 35% do PIB em 2002 e os mesmos 35% do PIB atualmente) é muito elevada. Mas, já é hora de toda a população saber para onde vai o dinheiro dos impostos que paga. Já estou cansado de ver internautas ignorarem os fatos (por omissão ou por má intenção) e reclamarem do “Bolsa Família”, um valor irrisório que o governo destina a famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. Quem cadastra as famílias são as PREFEITURAS, não é o governo federal. O governo federal PAGA o Bolsa Família para quem as prefeituras mandam pagar. Se fraudes existem – e existem, sim – são de responsabilidade de corruptos que trabalham nas prefeituras. E o valor não pode ser superior a R$ 336,00 por família. A maioria recebe menos de R$ 100,00. Algo em torno de 14 milhões de famílias recebe o benefício. Aproximadamente 1900 famílias bento-gonçalvenses também recebem.

“Bolsa o quê”, mesmo? II
Mas, por que estou comentando isso? Simples: é só calcular quantas “Bolsas Família” daria para o governo pagar só com o valor dos IMPOSTOS SONEGADOS no Brasil. Esses 300 BILHÕES sonegados até sexta-feira daria para pagar o Bolsa Família durante DOZE ANOS E SEIS MESES. É algo em torno de 45 milhões de pessoas que sobrevivem com essa miséria aí e, por isso, são criticados, chamados de “vagabundos” e “vendidos”. Dizem, também, que “ao invés de dar o peixe, deveriam ser ensinados a pescar”. Oh, que frase maravilhosa! Mas, por que essas pessoas que assim pensam não se oferecem para “ensiná-los a pescar”? Ou, no mínimo, por que não conferem a situação de vida (?) desses pobres e miseráveis, ANTES de “dar suas opiniões abalizadas”? Mais, por que não protestam com a mesma ou maior veemência contra aqueles que lhes cobram os impostos e não os recolhem aos cofres públicos? Por que não protestam e se insurgem contra o “BOLSA SONEGAÇÃO”? Sei a resposta: porque cornetear políticos é “mais interessante” e “dá ibope do facebook”. Pior de tudo é que esses aí querem “mudar o Brasil” desse jeito. Pobre Brasil! Ah, sim, como sempre a Coluna está à disposição de quem quiser contestar e desmentir o que estou afirmando. A publicação das contestações é garantida e gratuita.

Parem o mundo!
Local: Russas, município do interior do Ceará; cena: ladrão rouba moto de um trabalhador. Sequência: o ladrão abandona a moto com um bilhete. Até aqui, tudo “normal” ou quase, já que roubo de motos é coisa do cotidiano dos brasileiros. O inusitado no fato cearense é o que o ladrão escreveu no bilhete. Escreveu ele (sic): “Ajeita essa porqueira, macho. Non dá nem pra fazer um asalto. Isso num seive nem pra butia no lixo, seu fulero. Compra um broizinha, macho. Valeu compade”. Traduzindo isso que ele escreveu, seria isso: “Ajeita essa porqueira. Não dá nem para fazer um assalto. Isso não serve nem pra bota no lixo, seu fuleiro. Compra uma boazinha. Valeu, compadre”. Resumo da história toda é que o cara, além de roubado, é ofendido pelo ladrão porque a moto não atendeu as expectativas do ladrão. Depois disso, gritar: “Parem o mundo que queremos descer” é uma necessidade.