A pergunta que eu faço é, onde estão as nossas raízes? É, onde estão as nossas raízes? Por incrível que pareça, muitos estão se esquecendo das suas origens. Não estão se preocupando com o fundamento da sua história. É como ao construir um prédio e não se preocupar com a base de sustentação. Portanto, o que está acontecendo na nossa região nos caminhos da uva e do vinho? Está acontecendo o seguinte: as duas principais cidades da Região da Serra Gaúcha, tanto a cidade de Caxias do Sul, quanto a de Bento Gonçalves, estão se distanciando dos seus caminhos originais que são as suas raízes, que já se perpetuaram através de séculos de muito trabalho, de muito esforço e dedicação a uma cultura que já deu certo.
A cultura das videiras que abriram os caminhos do vinho em toda nossa região. Esta cultura que nos proporcionou um crescimento sem igual, comparado com outras regiões deste nosso imenso país. Hoje somos visitados pelas pessoas do mundo todo, para conhecerem o nosso principal produto que é a uva. Para degustar este precioso alimento que se transforma em vinho, que eu considero a bebida dos deuses, sendo o principal deus o deus Baco. Os turistas querem ver o que produzimos e o que fazemos. Como são as nossas construções, principalmente as mais antigas, construídas pelos nossos queridos imigrantes.
Querem ver as nossas vestimentas e saber dos nossos cânticos e das nossas danças. Portanto, da nossa arte. Arte que estamos deixando morrer, por falta de vontade de nossa parte e por muitos simplesmente terem caído de para quedas em nosso meio sem a mínima noção em preservar as nossas raízes, a nossa cultura e as nossas tradições. E nós simplesmente o permitimos que estes tomassem outros caminhos. Principalmente a nossa vizinha Caxias do Sul. Que há poucos dias passados, na Câmara de Vereadores, quase por unanimidade aprovaram a separação dos caminhos da uva e do vinho. Optando pelos caminhos das hortênsias.
É simplesmente inacreditável que isto tenha ocorrido. Os nossos irmãos caxienses nos abandonaram na caminhada, esquecendo-se de suas raízes e optando por se juntar com os caminhos das hortências. Caminho este que nada tem a ver com o povo desta querida Caxias. Caxias que está fugindo das suas origens, esquecendo-se do seu glorioso passado. Esquecendo-se dos seus grandes desbravadores, que são os nossos imigrantes. Com muita luta iniciaram está bela cidade que está dando as costas aos seus fundadores, que deixaram um belo legado que deu início a grande prosperidade que temos em toda a nossa região. A nossa querida cidade de Bento Gonçalves, não tem como fugir para outros caminhos, por estarmos no centro de toda origem italiana mas, da mesma forma cometemos atrocidades igualmente a Caxias, com relação aos seus prédios antigos.
Muitos deles não foram tombados pelo seu valor histórico e colocados abaixo. E os que restaram simplesmente os descaracterizamos tirando as suas vestimentas. Ao olharmos para eles não veremos a sua beleza e nem o seu valor histórico pois, estão sendo camuflados, não dando a oportunidade aos nossos visitantes poderem ver e voltar ao passado tão glorioso. Se não os preservarmos, perderemos as nossas raízes, a nossa cultura, as nossas tradições e nossa arte. E perderemos a nossa história. Povo sem história é um povo sem memória. E mais, criaremos uma geração de jovens sem passado.
Dorvalino Sonaglio
Leitor do Jornal Semanário