Após movimento de trabalhadores na M. Dias Branco, empresa agendou reunião e iniciou negociação sobre salários atrasados

Os 76 trabalhadores contratados pela S&M Engenharia, para prestar serviço à M. Dias Branco, protestaram contra o atraso dos salários na segunda-feira, 22. Eles trancaram o fluxo dos caminhões durante oito horas, até que a empresa agendou uma reunião para dar início às negociações.
A movimentação começou a ocorrer ainda durante a manhã, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom-BG). Após reunião com representantes da entidade, eles seguiram até os portões da empresa, no bairro Santa Rita.
De acordo com informações do Sitracom-BG, os operários estão com os vencimentos de dezembro atrasados. Além disso, as carteiras de trabalho seguem retidas na empresa contratante.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato, Ivo Valiati, a questão demonstra a falta de consideração da empresa, que antes do ato não demonstrava interesse em resolver o problema. “Nós tentamos contato diversas vezes e não conseguimos resposta”, expõe.
Ele coloca que os funcionários foram dispensados, mas não demitidos. Isso, de acordo com o vice-presidente, prejudica os trabalhadores na busca de outros empregos. “Muitos já tem trabalhos acertados e ainda não têm a liberação da carteira, porque não foram demitidos”, pontua.
Além disso, Valiati destaca que o Sindicato está preocupado, uma vez que a maioria dos afetados vem de outras cidades. “Nós estamos prestando todo apoio necessário”, complementa. O órgão informa que encaminhou uma proposta para a empresa, mas que ainda não havia obtido resposta até o fechamento desta edição.

 

“Preciso do meu dinheiro para pagar o aluguel”, lamenta imigrante

Em protesto, trabalhadores impedem saída de caminhões. Foto: Lucas Araldi

Desde o atraso no aluguel, com risco de despejo, até a impossibilidade de enviar dinheiro para a família. Os trabalhadores afetados com o atraso no pagamento dos salários apontam que estão enfrentando muitos problemas nos últimos dias.
Em reunião realizada no Sindicato, a maioria optou pelo protesto e por trancar o fluxo de caminhões, visto que as tentativas de negociação não tiveram sucesso. Além disso, eles pretendem encaminhar os processos na Justiça do Trabalho ao longo dos próximos dias.
O imigrante haitiano Alex Badett conta que trabalha pela S&N Engenharia para a M.Dias Branco há seis meses. Ele afirma que precisa mandar dinheiro para sua família e as contas estão atrasadas. “Se eu trabalho, tem que me pagar. Preciso do meu dinheiro”, enfatiza. Ao todo, são cerca de 15 imigrantes na mesma situação.
De acordo com o baiano José Ailton de Jesus Bispo, que mora em Bento Gonçalves há oito anos, o trabalho realizado pelos operários foi desmoralizado, na medida em que as pessoas precisam do dinheiro para honrar seus compromissos. “Todo esse tempo em Bento e nenhuma empresa tinha feito uma sacanagem dessas comigo”, argumenta.
Segundo Moisés Guedes, que está na empresa há seis meses, os trabalhadores receberam um valor irrisório desde dezembro. “Nós trabalhamos de sol a sol e chutam a gente como um cachorro morto”, lamenta. Ele afirma que muitos trabalhadores dependem do dinheiro para o aluguel, mas que felizmente não é sua situação.