Transcorrido o primeiro semestre deste ano e dentre tantas imprevisões negativas que já ocorreram, quisera encontrarmos e assim passarmos o restante do ano somente em PAZ.
Contudo, há um evento totalmente previsível e embora não possa ser entendido como algo negativo, de qualquer forma a tendência sempre é se afastar da tão sonhada paz em razão do poder ou melhor da luta pelo poder que se vivencia no clima das eleições. Estamos a nos referir às eleições municipais para prefeito e vereadores, as quais foram postergadas recentemente para novembro, sendo esta mais uma consequência da pandemia.
A propósito, relacionado as eleições municipais, até 26 de setembro os partidos políticos deverão apresentar os seus candidatos.
Mesmo na qualidade de eleitores, não temos o poder de escolher quem serão os candidatos, ou seja, não nos cabe fazer uma pré-seleção para futura e oficial escolha nas urnas. Isto se dá e é atribuição dos partidos políticos, em especial quanto aos candidatos da chapa majoritária, no caso, prefeito e vice-prefeito.
Com o devido respeito, diríamos que esse processo se assemelha a escolha dos frutos que nos são expostos, oferecidos no mercado. Não temos o poder de colocá-los na caixa, mas de lá retirá-los mediante nossa escolha. A pressa, a falta de interesse ou ainda o desconhecimento, faz com que a escolha se limite ao olhar puro e simples daquelas frutas que estão por cima das demais. Algumas frutas chegam inclusive a ser literalmente polidas, recebem portanto o brilho e a cor que nos remete ao encantamento, talvez similar àquela da maçã do paraíso, passando a clara impressão, de que são as melhores a escolher.
Quisera fosse tão fácil escolher e acertar no melhor “alvo” dentre àqueles que nos são disponibilizados, atentando-se somente pela imagem e sua superficialidade, sem preocupar-se com a análise do conteúdo. Via de regra, atentos somente a isso, a surpresa se revela não raramente no momento de maior necessidade, quando a fome bate. Naquela mordida confiante, embaixo daquela suculenta cor, o paladar de algo roto, por assim dizer, podre. Não bastasse isso, descobre-se que seus atrativos são sustentados pelo veneno na sua essência, esse incolor aos olhos, mas implacável nos seus efeitos.
É preferível portanto ter paciência, cautela, dar-se o tempo que requer a boa escolha; melhor ainda seria escolher, dentre aquelas orgânicas, com procedência quanto a sua constituição; as quais embora possam parecer mais caras, são dignas de tal crédito, cuja essência são desprovidas das maquiagens, dos exageros, da química do veneno que desvirtua a própria natureza da fruta.
Se a displicência ao escolher mal uma fruta tem o poder de embrulhar o estômago, quanto mais será a má escolha ao dar poder a um representante na política, é dar “papel” para nos embrulhar.
Aliás, importante que se diga, se eleger alguém já é um ato de extrema responsabilidade e eventual erro na escolha nos coloca num primeiro momento na condição de vítima da “maçã do paraíso”; por outro lado, reeleger alguém cujo mandato é sabido fôra exercido somente em proveito próprio, torna o eleitor réu no tribunal da moralidade, portanto conivente e igualmente responsável pelos atos de improbidade praticados pelo reeleito.
A vida acontece nas cidades, nela o tão distante governo está próximo – logo aí no paço municipal – daí a sua grande importância no nosso cotidiano, na vida das pessoas. A prova mais sensível e atual dessa afirmação são as medidas e ações de ordem pública que estamos a vivenciar nestes tempos de pandemia. A pandemia nos fez repensar a vida em muitos aspectos, dentre elas as escolhas dos cargos eletivos, seja pela presença ou ausência do Estado nas três esferas de Governo (municipal, estadual e federal), seus acertos e seus erros.
Portanto, quando ouço de que nada adianta discutir política, é tudo a mesma coisa, farinha do mesmo saco…embora se compreenda em parte a desilusão, entendo que é exatamente por esses motivos e muitos outros revelados nesse tempo de provações, que não podemos nos desincumbir de nossas responsabilidades, próprias e inerentes ao direito do voto.
Importante deixar claro, votar não é apostar, é preciso distinguir com exatidão tais ações descritas nesses verbos. Apostar é adivinhar e é literalmente o fim em si mesma. Do resultado de uma aposta, a alegria ou tristeza é efêmera. Votar é escolher o melhor candidato, o melhor gestor, e é somente o início de um processo que , “ganhando ou não as eleições pela escolha de seu candidato” devemos todos “ganhadores ou perdedores” receber o que nos é devido em saúde, educação, segurança, infraestrutura, diga-se, em razão do correto investimento e administração do dinheiro público que lhes é confiado.
Defendo portanto o que chamo de voto orgânico, cuja qualidade da escolha já está intrínseca, ou seja, presente no candidato, dada a pré-análise e cuidados para definição do voto nas urnas. Logicamente, repito, votar é importantíssimo, mas é somente o início de um processo, caberá ao eleitor ser diligente, monitorar a performance administrativa do eleito durante o mandato, da contratação que assinou com seu voto.
Por fim, quero crer que, em razão da pandemia, os tempos futuros indicam menos recursos públicos, requerendo da administração pública maior capacidade, habilidade e competência para fazer mais com menos. Nesse sentido, tenho por mim que precisamos fazer destas eleições municipais, um grande debate político, iniciando nas famílias, respeitando a subjetividade do voto, porém, buscando uma unidade quanto a qualidade das escolhas. Estaremos desta forma, com o voto consciente, o voto orgânico, contribuindo e honrando o lema da bandeira de nossa querida Bento Gonçalves: PAZ e TRABALHO! Vamos em frente!
Clacir Rasador