Conforme o presidente do Sindicato, para superar a crise empresas reduziram custos visando um preço competitivo
Passo a passo, de forma gradual, sem criar expectativas, mas com otimismo. Assim tem se apresentado a indústria moveleira em Bento Gonçalves nestes primeiros três meses do ano. Conforme o Sindicato das Indústrias do Mobiliário (Sindmóveis), da cidade, o setor teve um crescimento de 3% no primeiro trimestre de 2018. A perspectiva, cautelosa, é que o segmento tenha um aumento de 5% e, na ótica positiva de 10%, até o restante do ano.
De acordo com o presidente do Sindmóveis, Edson Pelicioli, os índices estão sendo superados. Segundo ele, a Móvelsul rompeu com as desconfianças do segmento, quebrando expectativas visto o cenário de instabilidade constado nos últimos anos. “Tudo indica que sim, estamos em retomada. O fundo do poço foi no final de 2016, início de 2017. A partir do segundo semestre do ano passado, trouxe perspectivas de um crescimento em 2018”, ressalta.
Retomada do setor
Em 2013 e 2014, a indústria moveleira da capital da uva e do vinho registrou seu ápice em vendas e peças produzidas. Dois anos mais tarde, enfrentaria seu período de maior dificuldade. Atualmente, o segmento caminha para um crescimento gradual. Conforme dados do Sindmóveis, o retrocesso no setor chegou a 30%.
O presidente da entidade avalia que o progresso será lento, mas deve ocorrer. “Não há euforia porque a instabilidade de mercado e a crise política ainda estão presentes, mas se observa que a economia começa a andar. Outros seguimentos já começam a se desenvolver. O móvel e os imóveis demoram um pouco mais. Os números do trimestre são positivos, pequenos mas atraentes”, avalia Pelicioli.
Para atingir novamente o pico de vendas alcançado há quatro anos, o presidente do Sindmóveis projeta, pelo menos, mais três anos para a retomada. Ele explica que isso se deve as oscilações econômicas que o segmento está sujeito, com períodos de maior e menor investimento.
Para exemplificar o novo momento da indústria moveleira, Pelicioli apresenta número significativos. As vendas no varejo, a nível de Brasil, representaram 10% de crescimento, em relação ao trimestre passado. “O polo em Bento foi menor, aqui a gente teve um impulso de 3%. Não temos números fechados, mas os empregos, as contratações começam a ficar positivas. Isso significa retomada”, disse.
Sobre expectativas do Sindmóveis, ele reforça os índices. “A gente tem uma projeção do ano, em um cenário bem cauteloso, que seria de 3% a 5%. Sendo extremamente positivos, conquistando mercados, poderíamos chegar aos 10%, ou próximos disto, mas não deve acontecer. Tudo é gradual, embora, entendemos que a economia começa a andar”, afirma Pelicioli.
Quanto as dificuldades enfrentas em meio a crise e as formas que o empresariado busco se inovar, o presidente da entidade relata que o setor moveleiro de Bento Gonçalves é um dos mais avançados do país. “Não se esperou chegar nesse ponto. Quando se iniciou a crise, se começou um trabalho, então a gente sabe que a indústria fez a lição de casa. Trabalhou muito forte, se especializou nesses dois, três anos de queda. Se preparando para a virada econômica”, observa Pelicioli.
Quanto as atualizações, ele destaca que houve uma revisão de processos resultando na melhoria de qualidade, busca por competitividade, redução de custos, ajustes nas fábricas e readequação de preços. Segundo o Sindmóveis, isso foi possível com uma soma de conceitos, atraindo designes para o segmento e com a conquista de novos mercados consumidores, como o Oriente Médio e reforçando a qualidade na América do Sul e Estados Unidos.
Novos mercados, novos investimentos
Com o mercado interno enfraquecido, as portas para outros continentes estavam abertas para investimentos. Com foco em expandir negócios e contatos, as empresas de Bento usufruíram do valor de queda do Dólar e passaram a conquistar novos patamares e fortalecer antigas relações. “Como a moeda americana de câmbio está favorável, o país fica mais competitivo no mundo. O Móvel se torna mais procurado, isso favorece a sustentabilidade da indústria moveleira”, disse o presidente. Pelicioli também acredita que o Brasil tem potencial para fornecer para todos os países devido a alta qualidade dos produtos.
Ainda sobre os números já alcançados em 2018, Pelicioli ressalta que os primeiros meses do ano, para o setor moveleiro não é dos melhores, em função de que o consumo é voltado para outras áreas, como férias e carnaval. “Normalmente, o segundo semestre é o melhor para o setor. O período de setembro de novembro, seria a nossa safra”, disse.
Ele explica que a partir da metade do ano as pessoas passam a receber décimos terceiro, bonificações, extras que sobram das despesas e projetam investimentos. “As pessoas tendo dinheiro querem sempre renovar a casa, buscar mais conforto”, analisa Pelicioli.
Para quem tem interesse em adquirir móveis, o representante do segmento destaca que essa é a melhor época. “Esse é o momento de barganhar, de conversar de buscar uma negociação porque os preços caíram. Esta é a oportunidade de estar renovando a casa. Há alternavas no mercado, só questão de procurar e ver qual o mais adequado para o gosto e bolso de cada um”, enfatiza.
Quanto ao produto apresentado pela indústria atualmente, Pelicioli ressalta que há uma agregação de valores de outras áreas, a principal delas é o design. “Hoje é uma das estratégias para se diferenciar. A indústria está cada somando valor. Temos observado uma combinação cada vez maior de materiais, MDF, metal, alumínio, vidro, enfim. Se trabalha com conceitos, desenho e qualidade”, analisa.
Para os empresários que buscam crescimento, o Sindmóveis demonstra-se receptivo ao diálogo para orientações e dicas voltadas para a exportação. “Mostramos o caminho para que eles busquem esse direcionamento, esses ganhos”, afirma.
Edson Pelicioli ainda ressalta a força do polo na cidade e região. “Nosso empresário é persistente. Temos as principais empresas do país. Em número de peças, Bento Gonçalves ainda é o principal polo moveleiro do país. Temos uma característica, ele se fortaleceu mais nos móveis planejados. A nossa diversificação é grande. Somos referências no Brasil. Temos a principal Feira da América Latina. Estamos crescendo. 10% é muito bom!”, finaliza o presidente do Sindmóveis.