Na praça de alimentação do Shoping L´América encontro o Possoli incentivando os jogadores de xadrez a exercitarem o raciocínio ao redor de tabuleiros onde as peças representam dois reinados, um preto e outro branco, que colocam suas forças a disposição dos enxadristas para decidirem cada movimento do jogo. Nem sempre há um ganhador. Já assisti partidas com desistências de ambas as partes e alguns empates.
No tabuleiro de xadrez o REI é a peça mais importante. Todas as outras peças podem ser descartadas desde que o REI sobreviva. Basta um xeque mate no REI e lá se foi a partida.
Quem entra no jogo enfrenta o raciocínio do adversário que nunca deve ser subestimado. Um só movimento em falso, uma só distração e a vaca vai para o brejo, ou melhor, matam o REI, como se expressam os jogadores, terminando a partida.
O xadrez é um jogo cujo vencedor é quem erra menos. Ganha quem tem a capacidade de raciocinar muitas jogadas a frente, forçando os movimentos das peças do adversário. Ganha quem defende seu REI e sabiamente acua o REI adversário.
A política tem movimentos muito parecidos com o jogo do xadrez. Alianças, traições, “peças” sacrificadas, jogadas de mestre e tudo para manter um rei e derrubar outro REI. Deveria ser diferente: jogar tudo por um objetivo maior, um ideal.
O escrúpulo do jogo de xadrez não é o mesmo do “jogo” político. No tabuleiro um ganhador e um perdedor disputam entre si apenas um momento de distração em partidas que podem durar minutos ou até dias. No “jogo” político o perdedor não faz parte das decisões estratégicas daqueles que jogam com o poder do rei. Sujeira é o que não falta neste jogo onde o limite deveria ser o legal e o objetivo, muito além da vitória, deveria ser a proteção daqueles que serão atingidos pelo movimento das ações políticas. No jogo da vida das pessoas não se descartam “peças” e todos fazem parte de um único tabuleiro: a sociedade
Entrar numa disputa política não é sujar as mãos. Para enfrentar os inescrupulosos, aqueles que pensam em destruir para se manter como rei, verdadeiros inconsequentes quanto ao alcance dos nefastos resultados que provocam, é necessário ter estomago.
Quando ouvi de uma personalidade política de Bento Gonçalves que “política não é para idealistas” entendi que os ideais deveriam ser descartados pelas pessoas desejosas de entrar no “ramo”. Entendi que ética, moral, escrúpulos, honestidade, lealdade e tudo o mais de uma pessoa de bem deveriam ficar fora do jogo. Entendi que ele estava era muito errado.
Esses políticos sem ideais, os NÃO IDEALISTAS, é que desgraçam a administração pública. Para se protegerem, “acusam” os entrantes com aquela frase que pretende por medo nos novatos: “Fulano não entende nada de política; é só um idealista”.
Politicagem, a arma da velha política, entrou em desuso. O REI é a peça mais importante do tabuleiro do jogo de xadrez. O REI também é a peça mais frágil.