Passados seis meses da denúncia do Ministério Público de que os vereadores Marcos Barbosa (PRB), Marlen Pelicioli (PPS), Adelino Cainelli e Vanderlei Santos (ambos do PP) estariam se apropriando de parte dos salários de seus assessores, a possibilidade da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) volta a ser discutida hoje na Câmara. Precisou um cidadão descobrir uma lei que define a necessidade de votação em plenário da abertura ou não da comissão. Teremos, certamente, votação aberta e todos os parlamentares precisarão mostrar o que pensam à população durante a sessão ordinária.
O exercício de cidadania deste eleitor faz com que sejam reacesas as esperanças de uma investigação destes parlamentares na Casa do Povo. Porém, não há motivos para euforia, pois o aceno de CPI não deve passar de uma possível votação durante a sessão ordinária.
Dizer um NÃO para os atuais integrantes do Legislativo não deve ser algo muito difícil. Na época em que foi sinalizada, pela primeira vez, a possibilidade de CPI, a grande maioria dos vereadores revelou que era preciso uma decisão judicial para que seus quatro colegas pudessem ser investigados, contrariando a sugestão do Ministério Público, que enviou toda a documentação da investigação à Câmara.
Mesmo com todas as denúncias, depoimentos e gravações, a criação de uma CPI não foi levada em conta e nem cogitada. Alguns parlamentares chegaram a se manifestar favoráveis, mas somente se o caso fosse levado a plenário. Isto deve acontecer desta vez e é bom a população ficar atenta ao desenrolar desta história para cobrar os motivos do voto de seu vereador.
O bloqueio de bens feito pela justiça, o depoimentos de várias pessoas envolvidas no caso e a vasta documentação apresentada pelo Ministério Público parecem não sensibilizar os vereadores. Pois agora, uma iniciativa popular pode ser a chance esperada para que algo seja feito, ou não. Uma atitude ousada e inesperada por parte do Legislativo e que deve esquentar o clima nos corredores da Casa do Povo. A Mesa Diretora deve encaminhar a decisão para o plenário na sessão ordinária de segunda-feira, 13, até para não arranjar uma complicação para si, em detrimento de seus pares, que têm dois acusados como dirigentes atualmente.
Os problemas políticos não serão resolvidos com a criação de uma CPI, mas uma ação destas ajudaria a recuperar a credibilidade de um dos setores mais criticados pela comunidade. A não-investigação dos quatro vereadores por parte de seus colegas passa a sensação de impunidade e despreocupação com o que o eleitor pensa ou deixa de pensar. Uma situação delicada e que nossos parlamentares têm uma ótima oportunidade de corrigir.