Iara Teresinha da Rosa dos Santos, moradora do bairro Aparecida e aposentada, nunca conheceu a mãe e os irmãos e está há anos a procura de alguma informação que leve à eles

Dona Iara, hoje com 62 anos, carrega uma dor profunda que a acompanha desde a infância: ela nunca conheceu sua mãe. Criada pela avó paterna, Iara viveu sem o afeto materno, sem sequer uma foto que pudesse trazer à tona uma lembrança ou uma conexão com a mulher que a trouxe ao mundo. “Só sei o nome dela: Diorides Machado Pinto. Sei que tenho irmãos por parte de mãe, mas não conheço nenhum e nem sei o nome deles”, conta ela, em meio à tristeza que transparece em sua voz.

Aos 11 anos, Iara perdeu o pai, José Melquiades da Rosa, e desde então, a figura materna se tornou ainda mais distante e inatingível. Sua avó, Eva Delarina da Rosa, revelou que Diorides foi embora quando Iara ainda era um bebê, com apenas 24 dias de vida. Essa informação, no entanto, nunca foi questionada ou investigada, e com o falecimento de sua avó, a possibilidade de reencontrar a mãe ou os irmãos se tornou ainda mais remota.

Falta de informações

A única vez que Iara chegou perto de ter notícias de sua mãe foi aos 17 anos, quando visitou um tio em Santiago, sua cidade natal. “Fui na casa de um tio que morava em Santiago, ele disse que era para mim ir lá meio dia que ia me passar o endereço da minha mãe, só que não sei por qual motivo que a minha avó que me criou não queria que eu entrasse em contato com minha mãe, e eu cheguei da casa do meu tio, de tão feliz que eu estava, falei que era para eu ir meio dia no meu tio para pegar o endereço da minha mãe, só que neste mesmo momento a minha avó e a minha tia que me criaram decidiram que era hora de irmos embora, não dando tempo de passar lá pegar o endereço. Depois disso eu nunca mais soube de nada dela”, relembra.

Desde então, o silêncio sobre sua mãe se manteve, e Iara nunca mais soube nada sobre ela.
A ausência de informações e a falta de apoio familiar tornaram a busca de Iara ainda mais difícil. “Acho que a parte da família do meu pai não queria que eu soubesse alguma coisa sobre a minha mãe. Eles quase nunca falaram dela, e naquela época, não se falava muito com as crianças sobre esses assuntos”, lamenta.

Dona Iara atualmente possui cinco filhos e dez netos. Os filhos Kellen Mariana Dutra de Miranda, Ingrid Malena da Rosa Alves, Alexia Jayne dos Santos, Décio Valdemir Dutra e Jackson Douglas Alves a ajudam a procurar pistas sobre o paradeiro dos seus familiares. Ela conta que se lembra vagamente de um dos irmãos, mas que perdeu contato com ele por não ir a Santiago. “Quando eu tinha uns sete, oito anos, tinha um irmão meu só por parte de mãe, que eu convivia. Ele morava com minha outra avó, a materna”, relembra. Ela conta que na época em que convivia com o tio de Santiago, ela descobriu através do tio que tinha seis irmãos. “O meu tio me disse que eu era bem parecida com ela e que ela tinha mais seis filhos, sendo que o único que tive contato foi criado por minha avó, de nome Paulo”, frisa.

Apesar das dificuldades, Iara não perde a esperança. Ela acredita que sua mãe possa ter ido embora devido às circunstâncias difíceis em que vivia. “Meus tios tratavam minhas tias muito mal, e meu pai, pelo que lembro vagamente, também era ruim com minha madrasta. Talvez ele tenha sido ruim com a minha mãe também, e ela decidiu ir embora e nunca mais voltou”, pontua.

Iara vive com a incerteza e a saudade de uma mãe que nunca conheceu, mas carrega a esperança de um dia reencontrar seus irmãos e, quem sabe, descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Diorides Machado Pinto. O sonho de Iara, mais do que uma busca por respostas, é uma busca por amor e reconexão com as raízes que lhe foram negadas.