Quem lê nunca está só. Reza a lenda que ando me sentindo solitária, por estar sem nenhuma leitura em andamento. Confesso que não leio há um bom tempo, visto que nossos dias encurtam com o passar dos anos. Não tenho outra explicação para a nossa falta de tempo, ou tenho? – talvez a nossa infeliz economia???
Fora a falta de tempo por trabalharmos muito mais pelo mesmo ordenado, o pouco que nos sobra, gastamos em livros. Livros que não temos tempo para ler, pois estamos trabalhando muito mais pelo mesmo ordenado.
Contudo, não é de agruras que vim lhes falar. É do poder analgésico de uma história, que afastam problemas por alguns instantes e como nos faz viajar. No tempo, pelo mundo, dentro de um pequeno quarto. Vivemos prometendo que aqueles serão os últimos e que não compraremos até não terminar os outros oito que estão ainda embalados.
Sou da geração de gibis, que esperava ansiosamente uma novidade na banca. Que retirava na biblioteca da escola um livro por semana, no dia da leitura. Não era possível retirar dois títulos por vez, e que tristeza quando esquecia de levar para devolver, bem naquele dia. A ansiedade para descobrir outro mundo era tanta…talvez mais do que para descobrir este.
Sempre quis a liberdade de escolha, e não curtia nenhum pouco ler os livros da bibliografia da escola. Aqueles livros chatos e cheio de expressões pré-históricas que eu nunca entendi como eram tão famosos e importantes, fundamentais nas aulas de literatura. “Leiam e façam um trabalho sobre o que entenderam do livro”. Nunca acertei nenhuma questão de interpretação de texto literário. Como pode ser tão confuso? Parecia-me filosofia escrita em latim.
Sem desmerecer nossos queridos escritores brasileiros, eu tinha um gosto muito peculiar. Um tanto eclético, por isso viajava entre Sidney Sheldon e ‘Pierre o Detetive dos Labirintos’.
Mas o que seria de uma coluna sobre leitura, se não falasse sobre alguns detalhes que só quem ama livros vai entender? Então, se identifica aí:
– Comprar mais livros do que é capaz de ler;
– Se deliciar com o cheiro de um livro novo;
– Mergulhar incansavelmente em uma história e ficar triste quando ela acaba;
– Entrar em uma livraria só para dar uma olhadinha – acho que esse é o único lugar em que você nunca sai de mãos vazias;
– Encontrar posições impensáveis para ler com mais conforto;
– Sofrer ao lembrar que emprestou um daqueles livros para alguém, quando você mais queria só dar uma alisada naquela capa cheia de efeitos gráficos;
– Ter ressaca literária.
Boa leitura!