Delegada Maria Isabel destaca pontos da cidade que se modificaram ao longo dos anos
A delegada Maria Isabel Zerman Machado é a titular da 1° Delegacia da Polícia Civil de Bento Gonçalves e está há mais de sete anos no comando da instituição. Ao longo desse período ela conseguiu notar mudanças que aconteceram nos índices de criminalidade do município e como a polícia tenta combater isso.
Uma das características mais notáveis é o aumento no índice de homicídios. Em 2010, a cidade tinha cerca de 12 desses crimes por ano. Agora, em 2021, já foram mais de 28. Isso representa o dobro, mesmo não sendo final de ano ainda. “Foi um aumento muito grande da criminalidade, embora todos os esforços que a polícia teve em investigar e deter delitos” destaca.
Junto a isso, Isabel fala da cobrança das pessoas para que todos esses crimes possam ser sanados o quanto antes e que a falta de efetivo é um empecilho que dificulta essa resolução rápida. Apesar disso, ela diz que trabalha junto com seus agentes para melhorar a segurança.
O tráfico em Bento Gonçalves
A crescente dos homicídios está atrelado, principalmente, com o tráfico de drogas. A delegada explica que as vítimas desse crime, quase em sua totalidade, possuíam envolvimento com crime e posse ou tráfico de entorpecentes. Não são pessoas que não possuíam qualquer envolvimento, mas indivíduos que tem um passado criminoso, algo que, em tese, contribui para o delito acontecer.
Ela justifica esse aumento por conta de alguns fatores. Primeiro, a região. Bento está localizada próximo de Caxias do Sul, Farroupilha e possui rotas pela BR-470. O que torna a cidade próxima de outros centros populacionais e com bastante caminhos pelo município.
Segundo, o poder aquisitivo. A população, em média, possui uma renda alta e tem pessoas que consomem bastante os entorpecentes. Esses dois tópicos, juntos, fazem de Bento um lugar com consumo e, consequentemente, tráfico de drogas elevado. “É isso que eu vejo aqui em Bento Gonçalves. Temos um alto número de consumidores, os traficantes, pela demanda, geram mais oferta”, explica.
Onde e como melhorar?
Segundo a delegada, Bento possui uma boa estrutura, com equipamentos para investigação, viaturas, entre outros. O problema fica por conta da falta de efetivo, do trabalho humano. Embora o Governo do Estado tenha realizado diversos concursos recentemente, ainda há essa necessidade.
Segundo Isabel, a quantidade de agentes é praticamente igual a quando ela chegou aqui, em 2010, na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Enquanto esse número se mantém quase estagnado, o de crimes seguem aumentando. Essa falta não está presente só na Polícia Civil, mas na Brigada Militar também.
Nos concursos realizados pelo governo, há muitos inscritos, mas há problemas deficitários em conseguir expandir o número de agentes. “Em razão da crise, o estado tem essa deficiência orçamentária em manter os efetivos da Polícia. Eles sabem que a pessoa trabalhando é o que resulta na diminuição da criminalidade. Porém, com dois anos de curso de formação na academia e manter todos formados é complicado” exemplifica.
Apesar dessas dificuldades, ela vê um lado positivo na cidade, como o fato das pessoas não precisarem ficar tão receosas ao saírem de casa, tendo que se cuidar, mas sem abrir mão de realizar suas tarefas de lazer e afins. “Eu vejo que Bento Gonçalves não é uma cidade tão perigosa, como grandes centros. Claro que temos alguns índices de furto, roubo, mas aqui ainda é uma cidade tranquila para viver”, pontua.