Pode soar um pouco bairrismo aos de fora, mas o ser gaúcho é motivo de orgulho. Honramos a cor da nossa bandeira, carregamos as marcas de uma batalha que, mesmo perdida, trouxe a força de lutar e não desistir quando se acredita, cantamos o nosso hino com a mão no peito, nossas letras de músicas e nossa tradição revelam a cultura de um povo batalhador, que viveu lutando contra as intempéries do tempo, as guerras, o desafio ao lidar com a natureza no campo. Desconheço outro povo que cultua tanto a tradição: desde o churrasco ao chimarrão, das canções gauchescas ao sotaque carregado, como o nosso povo não há igual, independente da classe social e da região de onde é. Bah, mas que povo unido, até na desgraça das enchentes, da seca, da perda de um ente, de uma pandemia. Que povo solidário. Que povo de força. A exemplo disso, um comediante gaúcho, cujo personagem é Badin, arrecadou 2,8 milhões de reais em pouco mais de uma semana. Que povo que inspira!
Nesta terra, no inverno, o perfume que exala é do pinhão torrando na chapa do fogão a lenha, de uma bergamota tirada da planta ou de um sagu de sobremesa. Na lida, vestindo o poncho e a bota nas manhãs de geada, enquanto a chaleira pula sobre o fogo e a brasa.
No fim de semana, se espera o sábado para usar a bombacha e ir para o baile, jogar carta com os amigos enquanto se assiste no campo o gado a pastar e os quero-queros a cantar. Não tem quem não perceba um sotaque carregado, um aperto de mão estalado, quem não honre o que foi falado, sem precisar de contrato.
Agora, se tu leu o texto e não te deu nem uma saudade nem se identificou com nada, sinto muito. Tu até pode ter nascido no Rio Grande do Sul, mas tá longe de saber o orgulho que é ser gaúcho, porque embora tenhamos perdido a guerra, o 20 de setembro nos fez ganhar identidade, tradição e valores culturais que nenhuma vitória traria. Parabéns aos gaúchos, pois esta data nos mostra o real sentido aprendido da Revolução Farroupilha: desistir de lutar, jamais.