Enquanto as perguntas se mantiverem no patamar da inocência, continuo pesquisando e construindo histórias como respostas. A de hoje é totalmente… “vegana”:
-Vó, por que figo dá leite?
“Porque de sim”, fiquei tentada a dizer, da mesma maneira como encerravam as questões na minha infância. Mas reproduzir o padrão seria muito cômodo. Então lá fui eu…
Já de volta, tenho a informar que o figo não é fruto, mas uma flor invertida, que se abre para dentro, inclusive a flor mais gostosa que já comi depois que deixou de ser flor e virou fruto.
Opa! Para, para tudo, que o buraco é mais embaixo! Na verdade, mais em cima. O figo, que é uma flor “introspectiva” (amadurece sem sair da casca), tem um furinho no alto com um grande sex appeal. Mas sendo a flor tão tímida que não fica nem na janela aguardando as abelhas ou o vento para lhe carregar o pólen masculino, ela precisa da vespa casamenteira bissexual, como intermediária. Este inseto penetra no figo macho e, assim que entra, perde as asas e as antenas, porque lá é muito apertado e nem Internet tem. Então põe os ovos e acaba morrendo. Mas o ciclo da vida continua. Os machos nascem primeiro – sem asas, já que só servem para acasalar as fêmeas e cavar túneis para elas saírem. Elas mal curtem a liberdade, ansiosas por cumprir sua missão em outro figo, desta vez, feminino, e polinizá-lo.
Está com nojinho por comer larvas de vespa? Não se preocupe que tudo vira proteína, que nem bicho de goiaba… Além do mais, no Brasil, essa relação não existe, já que o método de reprodução é assexuado. Por enquanto, a renovação é feita através de novas muda, mas já se pensa em importar as vespas casamenteiras…
Tudo bem, e o leite de figo como fica nessa história?
Agora sim é pra ti, Benício:
“A figueira é uma árvore bizarra que nem o Sonic. Ela tem folhas caducas, assim como o doutor Eggman. Fica careca no inverno, só que, diferentemente do Cabeça de Ovo, volta a ter folhas no verão, por onde circula o sangue branco e leitoso que a alimenta. É aí que ela se parece com o teu herói/ouriço. Ele se defende dos vilões com os espinhos. Ela se blinda contra os humanos, através do leite que, em contato com a pele e sol, queima adoidado. Ou seja: a natureza exige respeito.”