Maravilha! As árvores de Bento acordaram juntas, orquestradas pela natureza que, sabiamente, tem seu relógio funcionando já há séculos, embora o “bicho” homem insista em prejudicar esta máquina do tempo com artifícios nada recomendáveis.
Em São Paulo é o “assassinato” de rios, onde a poluição provocada por detergentes transforma a água em espuma; no acostamento das estradas, até aqui na nossa região turística, ainda se joga lixo e entulho; na Amazônia, mundialmente cantada em prosa e verso sobre queimadas, que de fato não existem proporção divulgada, o pior é a pesca predatória, que não preserva as matrizes (peixes maiores); o consumo desenfreado cria montanhas de lixo que já não sabemos onde esconder, tamanho é o desperdício.
A mãe terra, sábia e resoluta, contorna essas afrontas e mantem o relógio do tempo funcionando: frio no inverno e calor no verão, embora as temperaturas estejam se acentuando. Nosso último inverno foi uma prova disto: temperaturas negativas e prolongadas.
O Ipê, roxo e amarelo, desabrochou suas flores antes de suas próprias folhas anunciando que o frio terminou.
Abri a gaveta das camisetas e guardei as mais grossas. Também irão para a gaveta o “edredon”, o cobertor de lã e o pijama de pelúcia. Prefiro passar frio do que desacreditar da flor do ipê.
Bento será novamente a cidade florida da primavera, cheirando a flor de laranjeiras. Bilhões de brotos nos ramos das parreiras completarão o clima de festa. As abelhas farão a coleta do mel.
Este encanto é ostentado por poucas cidades, um privilégio que precisa ser ampliado, conservado e respeitado. Lembro de meu irmão, o Plinio, que privou-se de tirar a flor da roseira para sua namorada. Eram poucas as roseiras em Bento Gonçalves, quando ainda não eram vendidas em floriculturas e esquinas das ruas, e aquela rosa cor-de-rosa tornava a cidade mais linda.
Quando o seu Aldo criou a Praça das Rosas foi um encanto. A dedicação era tamanha que a natureza correspondia com cores as mais variadas e um perfume celestial, louvando o monumento a Cristo Rei. Olhar e cheirar, sem tocar, já era uma oração.