O judô em Bento Gonçalves vive um momento ímpar em sua trajetória. Três jovens atletas de base, oriundos de projeto sociais e de equipes voltadas para competição, embarcam em agosto para uma disputa da fase final do Campeonato Brasileiro em Curitiba e no Rio de Janeiro.

O mais novo da leva de judocas que levará o nome de Bento e do judô, é Bruno Ruffoni Corrêa. Aos 12 anos, ele lutará na categoria Sub-13 e estreia na fase final do certame nacional em Curitiba. Corrêa começou aos cinco anos e resume assim o judô. “É a minha vida. Aprendi muita coisa, é um sentido. Você cai várias vezes até levantar. Apanhei muito até chegar para disputar o brasileiro”, lembra.

Bruno e David observados pelo Sensei Fábio Ruffoni – Foto: Guilherme Kalsing / Jornal Semanário

Na seletiva que lhe rendeu a vaga para a seleção gaúcha na fase final do brasileiro, o garoto venceu todas as lutas com o golpe perfeito, o ippon. Algo que Corrêa quer levar para a disputa no Rio de Janeiro. “Na seletiva, sete lutas e sete Ippons e foi difícil. No brasileiro, vão estar os melhores, eu quero estar bem psicologicamente para lidar com a pressão e da torcida. Estou me dedicando muito, treinando muito e se deus quiser estarei no pódio”, projeta.

Aos seis anos, David Arruda Prates pediu ao pai para entrar na academia de judô e então, foi amor a primeira vista. Hoje, aos 13 anos, ele conta o quanto o esporte ajudou no seu desenvolvimento como pessoa. “Eu era bastante travado no falar e aos poucos fui superando essa barreira. Então, passei a competir, porque via meus colegas indo e me batia a curiosidade. A competição é porque meus colegas iam, e tinha vontade. Me apaixonei, pois vejo as pessoas lutando e contentes”, relata.

Prates viaja para o Rio de Janeiro, onde estará pela segunda vez na fase final do brasileiro de judô e com grande expectativa. “Me sinto especial, pois poucos conseguem ter sequência nessas competições de fase final na categoria, ainda mais eu que sou mais novo. Seria espetacular, um sonho realizado, ser o melhor do país. Mas entre os cinco melhores seria legal demais”, valoriza.

Outro talento que estará no Rio para o brasileiro Sub-15 é Érika Harter Knoll. Há cinco anos no judô vinda do projeto social em sua escola, ela é vista com uma das atletas com maior potencial pela determinação e raça nos tatames. Esportista nata, Érica vê o judô como poder de transformação. “Aprendi a perder e ter respeito. A gente entende que nem sempre será vencedor”, indica.

De acordo com a judoca, estar no pódio no brasileiro terá gosto especial. “Espero ficar em primeiro, mas estar lá já é muito legal, gera uma grande emoção, ainda mais por representar o estado. Estar no pódio é o grande objetivo. Como todo o atleta, penso em evoluir, me dedicar nos treinamentos para chegar longe”, enaltece.

Em comum nos três judocas está o sonho de serem profissionais, estarem no mundial e em olimpíadas. Mas antes o sonho passa pelo brasileiro. E para estarem lá, junto com o sensei responsável, Fabio Ruffoni, eles contam com ajuda financeira. Para saber detalhes, os interessados podem entrar em contato pelo facebook André Judô pelo fone (54) 9 9198-5298.

 

O judô como instrumento social e de competição

Um dos nomes que trabalham com judô é André Oliveira, que é sensei (professor) e coordenador de projetos sociais e da equipe Physio – Dojô André Oliveira, voltada para competições. Junto a ele, outros cinco profissionais fazem parte do grupo que ensina crianças, jovens e adultos.

Foto: Guilherme Kalsing / Jornal Semanário

Desde 2008 na cidade, ele comenta a relação esportiva e social do judô em Bento ao longo dos anos. “Já tivemos fases com 700 alunos no projeto social. Atualmente estamos com 100, nos três núcleos (Praça CEU em parceria com a prefeitura, na igreja batista no São Roque e outro na escola estadual São Pedro). Além disso, com a equipe da Physio no Colégio Sagrado, com alunos oriundos do projeto, mas em um espaço particular de ensino”, revela.

Oliveira conta que hoje, o foco está voltado para competição e que rende frutos, por exemplo, com os alunos no brasileiro. “É um trabalho sério, com alunos que começaram crianças, alguns estão adultos e seguem. O nosso sonho é formar judocas campeões olímpicos e mundiais. Termos três alunos no brasileiro é satisfatório, sinal que o trabalho tem continuidade e dá resultado. Saber que um aluno nosso, da nossa cidade, da base está integrando seleção gaúcha ao lado de jovens do Grêmio Náutico União e Sogipa, nos deixa orgulhosos”, exalta.