Tem aquele vídeo engraçado que circula na Internet, de uma abordagem de trânsito feita a um juiz que, sentindo-se superior aos demais mortais, dá uma “carteirada”:
-Você sabe com quem está falando?
Depois de examinar os documentos, o agente rodoviário responde apreensivo:
-Sei! – e pergunta – E o senhor, sabe com quem está falando?
-Não! – responde o magistrado.
-Ainda bem! – fala o policial, colocando o capacete e se afastando rapidamente em sua moto.
Histórias como essa costumam acontecer em setores públicos com autoridades de todas as áreas e até com parentes de autoridades, que o fazem com o “chapéu alheio”. Gente que usa, em benefício próprio, o poder que lhe foi conferido para o bem do povo. É a tal prepotência humana afetando surpreendentemente até prestadores de serviços autônomos, em especial uma categoria cujos profissionais se julgam semideuses. Foi o que aconteceu com uma senhorinha dia desses…
Então aquela senhora miúda adentrando na sala da profissional com seus exames clínicos na mão, foi recebida aos gritos. A mulher estacou surpresa. A origem daquela explosão raivosa teria sido o fato de esta ter desmarcado o horário com o profissional de outra especialidade?
Sua dúvida logo se confirmou. O agendamento, que fora providenciado anteriormente por decisão “monocrática” da prestadora de serviço, não havia agradado à paciente. Ilustrando: Seria o mesmo que, na contratação de um arquiteto para decoração de interiores, este, por conta própria, agendasse uma hora para sua cliente empregar determinada dedetizadora, independentemente da existência ou não de insetos e/ou do desejo da dona da casa.
A senhorinha se manteve impávida. Diante de tamanha grosseria, ela poderia ter diminuído ainda mais de tamanho, mas não. Era professora. Tinha uma história. Nunca deixara que lhe anulassem os brios. Permaneceu calada até ter a oportunidade de falar. Aí, severa, mas educadamente (seguia o padrão comportamental que estabelecera dentro da sala de aula), a professora mostrou a sua indignação por ser tratada com total desrespeito.
Se a senhorinha conseguiu sensibilizar a dona da verdade – ou a dona da vaidade – vai saber! O fato é que a arrogância cavalga livremente pelas repartições públicas e privadas, geralmente escolhendo suas vítimas pela aparência. Mas não se iludam: tamanho não é documento.