Antes de começar, um breve parêntese: a Covid ou o Covid? Ambos os lados da questão já se manifestaram exaustivamente, com argumentos linguísticos interessantes. Minha simpatia foi para o artigo feminino, sem que isso tenha a ver com feminismo. Até porque mulheres não são pegadoras como o vírus… Parêntese fechado.
Então… Acordei numa certa madrugada, com o mundo girando ao meu redor. Nessas ocasiões, tomo um remedinho, ergo os travesseiros e durmo mais algumas horas quase na vertical. Foi o que fiz.
Às dez da matina, levantei com todo o cuidado para não atiçar a tal de VPPB (vertigem posicional paroxística benigna) e resolvi, por pura mania, medir a oxigenação do sangue. Resultado: 93.
Aquilo me abalou as estruturas. Limpei o aparelho, passei álcool no dedo e repeti a operação: 92. Troquei de dedo. Igual. Troquei de mão. A mesma coisa. Coloquei no indicador do pé. Indicou uma queda maior. Putz! Eu estava com a Covid em ascensão.
Passei um café pra testar meu olfato e paladar, mas nem o cheiro, nem o gosto conferiram com o original. Tudo rescendia a óleo queimado. Em alerta máximo, minha fabriqueta de adrenalina aumentou a produção assustadoramente. Respirando com dificuldade e com o bumbo peitoral puxando o bloco carnavalesco “Vai Vai, Corongo”, abri a porta dos fundos, que dá direto para o gramado. Precisava me distrair, ou aquela reação em cadeia me provocaria um colapso “covídico” antes mesmo de ser entubada.
Ervas daninhas! Outra praga! Apanhei uma faca grande e desferi vários golpes. Inutilmente. Era preciso chegar às raízes do problema. Enfiei a lâmina bem fundo, até alcançar aquelas batatinhas sacanas que se espalham que nem a… Opa! Ela de novo!
O sol das onze sumiu num repentino nevoeiro, o que foi uma boa, mas mesmo assim minhas glândulas sudoríparas não aguentaram o tranco e abriram os dutos. Quarenta minutos depois, eu estava encharcada. Então tirei um tempo para conferir meus sinais vitais e outra vez usei o oxímetro. E – adivinhem – minha oxigenação passara de 92/93 para 97.
Bom, nem é preciso dizer que retomei o comando das coisas. Ao fugir do problema e tentar esfriar a cuca trabalhando na terra, meu corpo esquentou de tal maneira que o Simpático Sistema Nervoso se conectou com os dois milhões de bombeiros sudoríparos e ordenou o resfriamento corporal. Nesse processo, o bichinho se afogou. Ufa! Que susto!
Requentei o café. Estava uma delícia.