Verões muito quentes e invernos muito frios prejudicam os cultivos da região
A agricultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos, por isso essas mudanças podem afetar a produção agrícola de várias formas. O Presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, conta que a variação de temperaturas é um reflexo do aquecimento global e isso influencia muito para criar obstáculos na produção agrícola. “Devido a isso, lugares em que não fazia tanto frio, agora estão com temperaturas muito baixas e locais que não ficava tão quente, hoje em dia estão com os termômetros lá em cima. Tudo isso afeta as plantações do mundo todo e, às vezes, os agricultores têm que abandonar certos tipos de cultivos em algumas regiões”, informa.
Por isso, é importante criar alternativas para diminuir a dependência da agricultura em relação ao clima. De acordo com Postal, a melhor opção é se adaptar. “É difícil estar preparado para a mudança do tempo, mas é necessário ter soluções. Em nossa região, há variedades de uvas que tem um ciclo um pouco diferente e sua brotação é mais tardia, é preciso fugir desses períodos de geada. No caso das estiagens, que estão ocorrendo com mais frequência, é preciso usar um bom sistema de irrigação nos terrenos que têm essa possibilidade”, destaca.
Apesar disso, ao investir em irrigação, o agricultor necessita de um local para armazenar toda a água que será utilizada. “Mas mesmo assim, é preciso buscar as melhores tecnologias e formas de cultivo para que não se tenha tanto prejuízo”, orienta.
Os verões quentes demais e os invernos muito frios, desregulam toda a natureza das plantas, que não são adaptadas para isso. “Cada região tem o seu cultivo e plantações que são para determinados lugares, então isso afeta muito os agricultores da região, que acabam tendo prejuízos enormes. O clima estará ditando as regras cada vez mais”, completa.
Agricultores são afetados
Não é preciso ir muito longe para observar essas extremidades de temperatura, os efeitos causados pelas mudanças climáticas já são, constantemente, percebidos por agricultores do nosso município.
Elias Pellicioli, 48 anos, trabalha com parreiras e vende uvas para uma cooperativa da região. Ele conta que, de uns anos para cá, está tendo seca acima do normal, o que prejudica muito sua produção. “Além disso, o solo tem muita pedra, e em alguns casos acontece até a morte da planta por causa do calor”, comenta.
A irrigação, feita de forma sustentável, é uma das melhores alternativas para se blindar de algumas situações. Para Pellicioli, é muito importante ter essa tecnologia a favor de seus cultivos, porém, suas terras não são adaptadas para isso. “Gostaria de poder ter nos meus parreirais, mas a topografia do terreno não ajuda e na minha propriedade não é possível por falta de água. Para quem tem condição de ter irrigação, ajuda bastante, tanto pra seca como para o frio com risco de geada”, ressalta.
Segundo Pellicioli, o frio é o maior vilão. “Com temperaturas muito baixas, vem a geada e queima toda a brotação. Onde foi atingido, não terá mais produção”, lamenta.
A perspectiva para próxima safra é positiva, mas as mudanças climáticas que podem afetá-la o assustam. “A minha intuição era de uma safra boa, porém, com as últimas geadas ficou uma dúvida: vamos ter safra?”, revela.
Foto: Arquivo Pessoal