Desde 2010, quando foram encontrados os primeiros focos de dengue em Bento Gonçalves, o município está em contínuo trabalho de prevenção e combate. Entretanto, de 2017 para cá, o que se percebe é um aumento expressivo, que tem deixado os agentes de combates às endemias em constante estado de alerta.
De acordo com Rafael Medeiros Vieira, Coordenador de Vigilância em Saúde, 95% desses focos estão concentrados na Zona Sul da cidade, principalmente no Bairro Botafogo. “Bento é considerada infestada desde 2010, então querendo ou não, existe propensão dos focos irem aumentando gradativamente. Até o ano passado, o principal criadouro do Aedes Aegypti aqui no nosso município era o lixo, mas esse ano, não. Encontramos focos justamente onde não deveria existir, que é em caixa d’água que está destampada, potinho que está jogado no pátio de uma residência, então o fator humano, infelizmente, também está contribuindo para esse aumento”, relata.
Ana Liz Zaterra, responsável técnica pelo setor de Vigilância em Saúde, observa que houve uma despreocupação justamente nos cuidados considerados básicos. “É importante salientar que o lixo não deixou de ser um problema, continua sendo um criadouro e tem bastante lixo ainda pelo meio ambiente, passando nos bairros a gente verifica isso. A questão é que houve o relaxamento naquela água de chuva que o pessoal guarda para lavar calçada, dar água paras as flores, não estão colocando telas para proteger essa água dos insetos”, frisa.
Vieira admite que não se trabalha mais com o objetivo de erradicação. “Vou ser sincero em dizer que eliminar os focos é utópico, então o nosso trabalho é para no mínimo controlar e procurar reduzir”, assume.
Inverno também requerer atenção e cuidados
Ana Liz acredita que a população tem resistência nos cuidados por imaginar que o clima frio da região não necessita de tanta preocupação. “O povo ainda acha que na região da Serra Gaúcha não vai ter problema, mas vai, porque estamos vendo os focos aumentarem ano a ano e esse foi realmente um ‘boom’ de focos”, alega.
Embora o mosquito seja sensível ao frio, Ana Liz destaca que é preciso continuar atento aos cuidados. “A preocupação é que todos os ovos deixados por esses mosquitos vão eclodir no final do ano, quando a temperatura aumentar de novo, porque eles sobrevivem aa inverno, geada, gelo”, adverte.
Ainda de acordo com Ana Liz, os cuidados para prevenção são muito simples. “Por isso todas aquelas orientações das pessoas tirarem o lixo, lavarem os pratos de flores com esponja, porque os ovos estão grudados ali. É só passar algo para sair. Tudo que permanece com água tem que ser lavado dessa forma para que os ovos sejam eliminados”, finaliza.
Número de casos
Esse ano, de acordo com Vieira, foram confirmados dois casos, sendo um de Dengue e outro de Chikungunya. “Os dois são importados, ou seja, de pessoas que foram para fora do município, em áreas endêmicas e acabaram picadas, mas desenvolveram os sintomas aqui”, explica.
Também de acordo com Vieira, no momento existe um caso de suspeita de Chikungunya, porém, os exames laboratoriais que vão confirmar, ainda não estão prontos.
Em 2018, ao todo, foram quatro casos confirmados de Dengue e nenhum de Chikungunya.