No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata. Exame anual e diagnóstico precoce é essencial para cura completa, sendo que o início da doença costuma ser assintomático

O Novembro Azul é o mês mundial de combate ao câncer de próstata. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), essa é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. Além disso, no Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido à condição.

O urologista Nury Jafar Abboud Filho salienta a importância dessa campanha, que é levar aos lares a necessidade dos cuidados com a saúde para viver melhor. “Não somente em relação ao câncer de próstata, mas ao estilo de vida como medidas anti-sedentarismo, ingestão de alimentos saudáveis, medidas anti tabaco e visita regular ao médico de confiança, para que possamos preservar a vida dos homens e ofertar uma excelente qualidade de vida com envelhecimento saudável”, frisa.

A fim de alcançar os objetivos do Novembro Azul, o médico argumenta que a prioridade deve ser o diagnóstico realizado o quanto antes, pois dessa forma é possível tratar o câncer de próstata, que tem índices de cura acima de 90% em fases iniciais. “Além de evitar que outros órgãos sejam acometidos por metástases, o que nos impede de ofertar um tratamento curativo efetivo. Caso seja tratado em um momento precoce, o resultado funcional, ou seja, a preservação da potência sexual e da continência urinária é melhor”, explica.

Para descobrir a doença o quanto antes para que o tratamento comece de forma imediata, é preciso quebrar o preconceito existente com relação ao exame do toque. “Apesar das campanhas anuais de conscientização da saúde masculina, ainda vemos um tabu, mesmo que em menor escala. Examinar é fundamental, pois em cerca de 30% das vezes são apresentados os resultados de sangue normal e o exame do toque com nodulação devido ao câncer de próstata”, esclarece.

A respeito da frequência necessária para fazer o exame, Abboud descreve que o protocolo é a partir dos 45 anos anualmente, para os indivíduos com histórico familiar da doença. Já para os demais homens, o rastreio se inicia aos 50 anos. Além disso, há alguns fatores de risco. “São a idade, histórico familiar e afrodescendência. Supõe-se que obesidade, sedentarismo e ingestão de gordura em excesso também possam ser predisposições”, observa.

Como funciona o tratamento?

De acordo com o urologista, em casos iniciais com o câncer localizado, pode-se optar pela de cirurgia ou a radioterapia associada à hormonioterapia, com finalidade curativa. “Nos casos em que a doença é metastática, o tratamento se torna medicamentoso com hormonioterapia e, eventualmente, quimioterapia”, sublinha. O médico reitera que existem chances de cura, e quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são elas.

Riscos de impotência sexual

Abboud destaca que há possibilidade do desenvolvimento de impotência sexual por conta da doença, mas está entre 10% e 20%. “Ocorre devido ao fato de os feixes nervosos responsáveis pela potência sexual estarem em íntimo contato com a próstata e as terapias podem lesionar esses nervos em graus variados”, elucida.

O aumento da próstata é um sinal de câncer?

Para alguns homens, o aumento da próstata causa medo, pois acreditam que seja câncer. O especialista, entretanto, assegura que geralmente isso ocorre de forma benigna e é uma tendência. “Sendo que aos 80 anos, cerca de 80% deles terão a próstata aumentada. A maioria dos sintomas miccionais são oriundos do aumento benigno e o câncer de próstata tem a característica de não apresentar sintomas, inicialmente”, menciona.

Sintomas e fatores de risco

Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Nesse período, os sintomas são:
• dor óssea;
• dores ao urinar;
• vontade de urinar com frequência;
• presença de sangue na urina e/ou no sêmen.
Fonte: Ministério da Saúde

Fatores de risco:
• histórico familiar de câncer de próstata: pai, irmão e tio;
• raça: homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer;
• obesidade.