Médico urologista fala sobre a importância da realização periódica de exames e aponta mitos e verdades quanto à prevenção
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), apontam que no Brasil, a cada 40 minutos, uma morte por câncer de próstata é registrada. Os números mostram ainda que neste ano, mais de 60 mil novos casos deverão ser registrados. Mesmo com os dados que preocupam, quase metade dos brasileiros nunca foi ao urologista. Especialista aponta que esse fato se deve em parte ao preconceito masculino em relação ao exame e salienta que o diagnóstico precoce e a detecção da doença em estágio inicial aumentam a chance de cura.
De acordo com o médico Urologista, Thiago Cusin, existem duas maneiras para identificar possíveis sintomas que atestem a presença de tumores na próstata: o exame de toque retal, que apesar de ser rodeado por preconceitos, é importante para encontrar um câncer precocemente e o Antígeno Prostático Específico, mais conhecido como PSA, feito pela retirada de sangue do paciente e que analisa alguns fatores que podem mostrar alterações no órgão. Conforme Cusin, o exame de toque é realizado no próprio consultório e dura, em média, seis segundos e é indolor. “O profissional introduz o dedo indicador no ânus do paciente para sentir a próstata, que está localizada na região à frente do reto. O toque retal é um exame muito importante para detectar o câncer, pois, ao realizá-lo, o urologista consegue perceber a presença de um nódulo, calcificações e até mesmo sentir a consistência da próstata.”, explica.
Ainda, segundo Cusin, a periodicidade para realização dos exames varia, de acordo com as sociedades que representam a classe média. Pessoas que integram o grupo de risco, ou seja, os que possuem histórico familiar da doença, pacientes da raça negra, obesos e sedentários, a Sociedade Brasileira aconselha que as primeiras avaliações sejam realizadas aos 45 anos. Para quem não pertence ao grupo, aos 50 anos. “Aqui, a partir dos 40 a gente começa a avaliação que será repetida aos 45 anos. Quem já tem algum fator de risco, é necessário realizar os dois exames (toque e PSA) anualmente”, sugere.
O médico diz ainda que muitos homens que procuram o atendimento em seu consultório, questionam sobre por que não podem realizar apenas o PSA, exame que avalia a quantidade de uma substância produzida na próstata, que aumenta na presença de câncer. Cusin explica que, apesar de muito eficiente, o exame pode não sofrer alterações em todos os homens com câncer. Sendo assim, o tumor pode estar presente em homens com PSA normal. “Há estatísticas de que em 15% dos casos, o paciente está com o PSA normal, com exame de toque alterado”, observa.
O médico frisa ainda que mesmo com a realização periódica de exames, o câncer de próstata pode surgir em qualquer paciente. “A prevenção serve para que caso isso ocorra, possamos diagnosticar o problema na fase inicial e, consequentemente, curar o problema”, garante.
Pacientes mais conscientes
Para Cusin, os homens estão mais conscientes. De acordo com ele, a procura para a realização dos exames tem aumentado consideravelmente e o preconceito fortemente enraizado, está sendo deixado de lado. “Ninguém vai deixar de ser homem porque realizou o exame de toque. Hoje, não se pode admitir que ainda há gente que morre por câncer de próstata. Se diagnosticado inicialmente, as chances de cura chegam a 95%”, explica. O médico salienta ainda que as fortes campanhas realizadas ao longo dos anos, como o Novembro Azul, foram responsáveis pela mudança de pensamento da população. “Estamos vendo que através dessas campanhas, o bento-gonçalvense está mais preocupado com a sua saúde e buscando cada vez mais cedo a ajuda médica”, ressalta.
Mortalidade do Câncer de Próstata
Mundialmente, o câncer de próstata atinge 1,5 milhão de pessoas e a mortalidade gira em torno de 360 mil pacientes anualmente. Segundo estimativas do Inca, entre 2018-2019 deverão surgir mais de 68 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil, o que equivale a 66,12 incidentes a cada 100 mil homens. Ainda de acordo com o Instituto, a neoplasia maligna é responsável pela morte de mais de 13 mil homens por ano.
Sintomas da doença
Os sintomas do câncer de próstata costumam se manifestar nas fases mais avançadas; o paciente pode sentir urgência e dor ao urinar, dores lombares, baixo fluxo urinário, dor no testículo, presença de sangue na urina ou no sêmen.
Tratamento
O tratamento vai depender do estágio de evolução da neoplasia. Se a doença estiver localizada, ou seja, dentro dos limites da próstata, recomenda-se a radioterapia ou a cirurgia de retirada da glândula (prostatectomia), além do acompanhamento clínico deste paciente. Na fase em que a neoplasia está localmente avançada, ou seja, ainda na próstata mas ultrapassando a glândula, pode ser realizada a prostatectomia com a linfadenectomia ou RDT com ou sem terapia de bloqueio hormonal concomitante.
Quando o câncer estiver metastático, convém aplicação de hormonoterapia, bloqueio hormonal por até três anos para suprimir os níveis de testosterona, quimioterapia e radioterapia.
Novembro Azul
O Novembro Azul estimula os homens a fazerem o exame de próstata a despeito dos preconceitos que envolvem este tipo de rastreio, realizado por meio do exame de toque retal. Neste, o urologista investiga a presença de uma massa rígida, nódulos, e alguma superfície irregular na glândula. O antígeno prostático específico (PSA) também é utilizado para examinar o paciente. O screening é indicado para homens a partir dos 50, ou 45 anos caso faça parte dos fatores de risco para a doença.