Com o carro bem devagarzinho, fui cruzar a faixa de segurança para pedestres e aquela mocinha adoidada se meteu apressada, de cabeça baixa, quase provocando um acidente.
Imaginem a possibilidade de um ladrão que ao ser flagrado na loja sai na disparada e atravessa uma faixa de segurança para pedestres e é atropelado.
Quem seria o culpado?
O fato é que haveria um acidente, com uma pessoa vítima de atropelamento e bem em cima de uma faixa para pedestres. Diz o Código de Trânsito que sempre o motorista é o culpado.
Tudo deve ser feito para evitar o acidente.
Quando trabalhei uma semana na ONU, em Genebra (Suiça), fazia a pé o deslocamento entre o hotel e o local de trabalho. Em cada cruzamento de rua havia uma placa bem visível com a inscrição: “Antes de atravessar olhe nos olhos”.
Esta maneira de os suíços resolverem o problema dos motoristas desatentos e dos pedestres afoitos foi simples e prática, como se os dois dissessem um para o outro: “Eu estou te vendo!”.
Outra placa interessante estava em frente dos colégios: “beije e vá” (“Kiss and go”). Observei que as pessoas que levavam seus filhos davam um beijinho e se mandavam, desimpedindo o tráfego.
Aqui está complicado: – “Pega a mochila! Veja que tem o lanche dentro da caixinha plástica. Se for comprar no barzinho, confira o troco. E não vai brigar com os colegas da turma”. E, finalmente, – “Volta que não te dei um beijinho”.
E a fila vai se arrastando pela rua. Haja paciência.
“Olhe nos olhos” e “beije e vá”: é educação e
cidadania.
Nesta Bento Gonçalves que está ficando muuuuito difícil para se locomover nas horas de pique, temos que resolver os problemas sem esperar por soluções que podem demorar para acontecer.
Motoristas e pedestres não podem disputar o mesmo espaço. A convivência nos prova que muito se resolve com educação, cidadania e uma certa dose de paciência.