Há maior procura por papel higiênico, água e perecíveis
Carrinhos cheios e prateleiras vazias. Este é o cenário de diversos supermercados, com o surto do coronavírus tomando proporções cada vez maiores e o efeito de pânico chegando ao Brasil. No dia a dia, um sinal claro de medo da doença é a imagem de famílias estocando comida, mesmo que não haja crise real de abastecimento.
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) assinala que não há risco de desabastecimento. “É hora de tranquilizar o consumidor, não haverá falta de alimentos ou de produtos de necessidade básica. Esta é uma situação diferente da greve dos caminhoneiros, por exemplo, quando o setor estava com dificuldades para receber as mercadorias da indústria. Hoje, o abastecimento está normal”, explica o presidente Antônio Cesa Longo.
Conforme o supermercadista, a ruptura de alguns itens em supermercados maiores, que provocou a sensação de falta de produtos, foi resultado do crescimento atípico da demanda. “Alguns itens registraram, em algumas horas, a venda programada para uma semana. Por mais eficientes que as empresas sejam, não há como reabastecer as gôndolas nesta velocidade”, observa Longo e sublinha que as empresas têm estoques dos produtos e que em algumas horas o abastecimento é normalizado.
“Por ser um setor de atividade essencial à população, será muito demandado nas próximas semanas”, reconhece Antônio Longo
A reportagem do Jornal Semanário foi conferir como está a situação em Bento Gonçalves e se deparou com prateleiras vazias, filas nos caixas e muitos exagerando na hora da compra. Alguns estabelecimentos estão colocando em prática a medida determinada por decreto municipal de manter 50% da capacidade do local, permitindo que pequenos grupos entrem por vez e/ou uma pessoa por família.
De fato, houve um aumento da frequência de consumidores em alguns estabelecimentos, mas não há registro de desabastecimento nas lojas do município. “Observamos um aumento de 20 a 30% em dias atípicos, como em uma segunda-feira, em que o movimento é fraco. Mas, não porque falta alimentos, mas sim pela demanda para abastecer”, constata o gerente da unidade Vico Barbieri do Supermercado Apolo, Marcos Vinicius Pereira Gonçalves Leite. Ele indica que há mais procura por papel higiênico, água e perecíveis.
Nesta semana, uma cartilha de orientação sobre boas práticas que contribuam para a segurança sanitária dos estabelecimentos foi enviada aos associados da Agas. As medidas vão desde o reforço na higienização de carrinhos, cestos e terminais self-checkout, até a reorganização do mix de produtos com foco no autosserviço – evitando filas e sobrecarga nos balcões de atendimento de açougue, padaria e fiambreria, por exemplo.
Fotos: Franciele Zanon